Muita cara-de-pau ou pachorra
Natureza

Muita cara-de-pau ou pachorra


Dia desses, voltando da ginástica que é aqui perto de casa, atravessei a rua e não deu prá ficar calada diante do que meus olhos captaram.

Uma senhora de seus 60 e poucos anos, carregando na corrente um cão da raça Cocker Spaniel que parecia ter também a idade dela, com o pelo já esbranquiçado, fazendo no meio da calçada suas necessidades. E ela ali, segurando a corrente olhando prá ele e prá mim que fui logo disparando minha metralha quando vejo algo errado. Não consigo calar-me diante de absurdos e qualquer dia ainda levo uns petelecos pela minha ousadia. Mas veja
só que coisa mais sem nexo:
Como vi que ela não portava nas mãos um saco plástico para retirar os dejetos que o animal ali deixava, disse-lhe que estava tudo errado e que ela não deveria deixar isto assim, não era justo deixar no meio da calçada aquilo e que a gente tinha que driblar para não sujar os sapatos e além do mais ali era um lugar de passagem das pessoas. O certo seria que ela recolhesse a sujeira num saquinho e jogasse numa lixeira pública.

Aí ela ainda me respondeu mal, dizendo que a rua era pública, pagava IPTU e não era na frente de entrada da casa de ninguém que o amado cachorrinho dela estava sujando! Só faltou dizer que o cachorro e sua titica eram bio-degradáveis!!!


Ai, meus sais!!! Pensei com meus botões o que eu estava ali fazendo, discutindo civilidade com aquela criatura tosca e que parecia não ia aprender mais nada na vida!

Mas, percebi logo em seguida, que ela ficou meio desnorteada com a minha abordagem direta e desconcertante. Puxou o velho cachorro pela corrente e virou logo a esquina como que fugindo de mim e do meu olhar reprovador.

Fiquei vendo-a ir embora e constatei com isso que ela nem morar naquela ruazinha morava, na verdade ela só trazia o seu cachorro para fazer as necessidades ali, como um banheiro especial, longe da sua casa, ou melhor, na rua dos outros, na frente dos prédios ou casas dos outros e dane-se todo mundo!

Já reparei que pessoas dessa faixa etária são bem menos compromissadas com os bons hábitos e que as crianças e alguns jovens têm mais atitude de preservação ambiental hoje em dia. Meu filho foi ensinado a não jogar papelzinho na rua e nunca o fez. Até papéis de balinhas guardava no carro, mas nunca os jogou pela janela.
Mas estou cansada de ver gente mais velha que
não são capazes de ver sua implicação e seus deveres na relação com o espaço comum, não só ne
sta questão de levar cachorros e deixar a sujeira na rua, como jogar restos de cigarros, papéis que vão recolhendo de pessoas que distribuem, depois amassam e jogam no chão sem a menor cerimônia.
Para que então pegar se não vão nem ler! Porque não dizem não, não quero, obrigada e pronto!

Mas, voltando a dona e seu velho Spaniel, hoje pela manhã estava indo para a Clínica de Olhos com minha mãe, quando percebi a "tal" do outro lado da rua, acompanhada de seu super cão de orelhas frisadas. Só que dessa vez ela tinha numa das mãos um saco plástico amarelinho. Bingo! Vivaaaaaa!

Constatei, mas fiquei de longe para não constrangê-la, que ela aprendeu alguma coisa depois do nosso pequeno bate-boca.
Fiquei feliz prá caramba com isso gente, pois valeu a pena a discussão, afinal ela aprendeu então a agir
como uma cidadã responsável e madura, consciente de que o espaço público é de todos nós e, portanto, precisa ser cuidado por todos pelo bem estar coletivo.
E na procura de uma imagem para ilustrar meu texto, encontrei esta aí em cima que é por demais explícita, mas a mais pura verdade. Achei-a neste antigo blog aqui que expressa a mesma indignação que eu, só que parece-me na Europa. Vejam só!



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