Natureza
Vou de Táxi V
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O taxista era um coroa de cabelos totalmente brancos, óculos de aro fino e um modo de falar meio engraçado, parecia de algum interior aqui mesmo do estado, mas tinha experiência nas ruas, conhecia os caminhos e soube até pegar um atalho para sair de um pequeno engarrafamento que começava bem à nossa frente.
Eu: Ah, eu esqueci de dizer-lhe para ir pela praia, porque aqui pelo miolo tem sempre alguma encrenca!
Tx: Pois é, eu ia lhe perguntar quando a senhora entrou, mas o seu telefone tocou e eu não quis incomodar, por isso peguei por aqui, mas fique tranquila que vamos cortar caminho subindo pela próxima rua.
Eu: Ok, tudo bem, acho que o senhor tem razão, por aqui é mesmo mais curto o caminho.
Mais à frente, num sinal, um menino, talvez uns 12 anos, fazendo acrobacias com alguns limões nas mãos.
O pequeno e franzino, equilibrava-se sobre um banquinho que o colocava em evidência, no alto, para que todos os motoristas o vissem em sua elaborada técnica adquirida ali mesmo, nas ruas empoeiradas da cidade.
Eu: Ah, meu Deus, estas crianças jogadas nas ruas, tinham que estar na escola! Como tem criança abandonada nesta terra e não é nem no meio do mato é bem aqui debaixo dos narizes das autoridades!
Tx: Pois é, mas agora criança dessa idade ou um pouco mais, nem vão a escola e nem trabalham. É proibido, o governo, tempos atrás, impediu que crianças façam qualquer coisa para ajudar em casa ou fora dela, e o que se vê é isto, um monte delas nas ruas sem fazer nada, sequer estudam continuamente.
Eu: É mesmo! No nosso tempo (tentei igualar-me a ele, mesmo porque minha geração teve ainda os reflexos da criação anterior), a gente ajudava em casa, alguns iam até trabalhar em pequenos serviços, como no armarinho da esquina, na padaria ou com o pai se tivesse um negócio que o filho pudesse exercer sem prejudicar seus estudos, né mesmo?
Tx: O quê! A senhora sabe que meu pai um dia disse pra mim: toma aí este macacão e desce, venha me ajudar na oficina, nada de ficar parado porque filho meu quando não está na escola tem que estar fazendo alguma coisa de útil, afinal cabeça vazia é oficina do diabo. E eu fui, aprendi com ele muitas coisas e não morri por causa disto. Falo sempre da minha experiência pro meu filho de 19 anos que é um preguiçoso e não quer nada com trabalho e nem mesmo com o estudo.
O sinal abriu dando passagem aos carros e às pessoas com seus pensamentos ou perplexidade, e o menino com seus limões foi para a calçada, aguardar o próximo sinal de parada para, quem sabe, ganhar as migalhas que o sustentam nesta vida sem horizontes, sem o olhar cuidadoso do Estado, orientada apenas pelos sinais verde e vermelho que marcam o compasso de espera para um futuro vazio.
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