eu volto.
Subirei, empurrando a alma
com meu sangue
por labirintos e paradoxos
_ até inundar novamente o coração.
(Terei, quem sabe, o mesmo ardor de antigamente.) - Lya Luft
Todos os meus amigos sabem que adoro um bom bate-papo e que se tiver uma oportunidade para soltar a língua e rir bastante é comigo mesma. Enquanto minha cabeça estiver plugada neste mundo e forças tiver para levar o corpo a algum lugar que reuna amigos ou pessoas do bem, lá irei com prazer e alegria. Sempre gostei de me relacionar ou ouvir pessoas que têem algo prá contar, mas não sou boa dançarina, por isso convites para bailes não me é muito atraente. Eu gosto de gente.
E, talvez, por ser mulher, tenho mais facilidade de formar laços e afetos e me reunir em grupos.
Mulher é mesmo diferente, pois canso de ver muitas viajando sozinhas ou em dupla ou em grupos, divertindo-se, conhecendo lugares,achando uma brechinha no tempo para tomar um cafezinho com uma amiga ou até mesmo estudando novamente. Mas não vejo os homens fazendo o mesmo.
Meu marido, que não é muito chegado à falações, mudou muito desde que estamos casados. Às vezes preciso empurrá-lo para alguma reunião com amigos, mas quando chega lá logo se integra ou ao final da festa, ele volta contente de ter saído e trocado idéias.
Não tem jeito, o ser humano é um ser que precisa, necessita viver socialmente, senão corre o risco de entristecer o coração e envelhecer prematuramente.
É sempre bom buscar novos interesses, às vezes até triviais, como o que fiz ainda hoje à tardinha, voltando da manicure. Na esquina da minha rua tem uma linda clínica de olhos (a mesma que estão filmando a novela das 19 horas na Globo) e na chegada, toda envidraçada vi um cantinho gostoso com dois músicos tocando instrumentos - um com violino e o outro no violão. Pensei com meus botões: um cafezinho a esta hora não era nada mau e, como não tenho o menor problema em entrar em restaurantes, lanchonetes, etc. sozinha, claro que entrei, pedi meu cafezinho, comi uma empadinha, ouvi duas músicas lindas que eles tocavam e pronto....minha alma já ficou feliz.
São coisas assim que a gente deve parar prá fazer, principalmente quando se tem a minha idade e que já não tô nem aí para o que os outros vão pensar. Foi bom e recomendo!
Mas, retornando ao tema de sair, bater papo com amigos, relacionar-se é para contar-lhes que hoje fizemos uma noitada diferente. O convite já vem de muitos e-mails que meu marido recebeu e sempre tinha um motivo prá dizer não. Ora porque estava muito cansado, ora porque estava viajando, ora porque era muito longe e até por mêdo (meu) de sair à noite no Rio e voltar tarde.
Dessa vez resolvemos encarar o convite e fomos a um jantar de re-encontro dos amigos dele da Escola Técnica Federal-RJ-1974 realizado na casa do Sérgio e família no Leblon.
É incrível ver os homens quando estão à vontade entre eles como ficam alegres e no fundo são iguais a nós mulheres, pois falavam todos juntos, relembravam momentos engraçados do grupo e os apelidos de cada um e historinhas da época, como por exemplo: quem colava de quem, quem era mais CDF na turma, quem já namorava e essas coisinhas que marcam nossas lembranças e que são gostosas de relembrar.Pareciam garotos que haviam se transportado para o ano de 74, como meninos travessos que eram, externando seus passados com alegria adolescente. Outra coisa interessante é que homens não têm pudor em falar o que acham do outro, assim "na lata" como se diz (mulher é mais solidária até nisso), pois a gozação entre eles do fato de um estar careca hoje em dia e usar aquele cabelão nos anos 70, assim como o outro que era magicela estar hoje com uma barriguinha protuberante, o outro estar cheio de cabelos brancos, etc.... mas sempre muito alegres e amigos.
Nós, mulheres, conversamos muito,teve até cantoria no karaokê depois do gostoso jantar servido, alguns arriscaram uns passos de dança de salão, mas a nossa alegria em vê-los ali juntos, sorridentes e descontraídos, como garotos de 17 anos relembrando seu passado glorioso é que nos deixou satisfeitas e admiradas.
Ver que as qualidades interiores de cada um vão sobressaindo, afirmando-se sobre as físicas nos dias de hoje é o que importa. Tinha então ali, pessoas trocando boas energias, todas belas, dignas, elegantes e acima de tudo vitais. Não mais amadores da vida e sim seres produtivos e competentes, brindando a vida e o muito que ela tem a nos oferecer ainda.
Na despedida já faziam planos de quando será o próximo encontro. Saúde a todos!
*Inspiração - Lya Luft-Perdas e Ganhos