Natureza
Aprender a morrer antes de morrer
Presumo que todos as pessoas que têm animais em suas casas, principalmente os de estimação, sofrem muito com a ausência do mesmo quando se vai. E comigo não está sendo diferente, pois desde a sexta-feira que a toda hora me vem a imagem da Emmy à cabeça e algumas lembranças dela no decorrer de sua vida lá em nossa casa. Tanto é que neste final de semana, vez ou outra eu tinha impressão que algo caminhava lá fora pela grama ou se fazia algum barulhinho diferente na parte de trás da casa, onde ela gostava de se embrenhar por uma encosta em meio às plantas e arbustos, pensava logo que era ela andando por ali, mas era só impressão ou podia ser um outro bichinho silvestre que é bem comum por aquelas bandas de florestas.
Fiquei triste mesmo e sinto como se tivesse faltando algo naquela casa agora, mas não vou substituir a falta que ela me faz por outro cão, afinal eu tenho consciência de que não é bom deixar um animal sozinho, sem companhia diária de gente numa casa grande. Prefiro deixar como está e me acostumar com esta nova realidade. Ainda tem por lá a tartaruga Ralfie e agora, provavelmente os esquilos voltarão a passear com tranquilidade pelo jardim, já que a 'dona da casa' não está mais ali para afugentá-los.
Mas, gente, triste mesmo foi o encontro rápido que tive também neste final de semana com uma moça, muito gente boa que eu conheço lá da cidade e que era massagista e durante algum tempo, utilizei seus serviços de shiatsu e drenagem linfática.
Eu olhei para ela e quase não a reconheci, estava com os cabelos curtíssimos e até bonitos, num corte moderninho, ainda um pouco inchada no rosto e no corpo por causa da cortisona que tomou e as medicações para o câncer de mama que teve ano passado, tendo que inclusive extirpar a mama esquerda. Ela é uma moça muito bonita, clara e cabelos loiros e ainda bem jovem, aproximadamente 40 anos.
Contou-me isso assim, de sopetão, e eu demorei até para assimilar tudo, me disse que ainda não teve como colocar a prótese, talvez falta de dinheiro, não sei, mas disse-me que iria fazer isso daqui há algum tempo e que estava se restabelecendo do furacão que passou em sua vida, quase levando-a embora deste mundo e prejudicando sua profissão de massagista.
Fiquei realmente penalizada e mais ainda quando me contou que o companheiro a deixou no meio disso tudo, no momento em que mais precisava dele, do seu apoio como ser humano.
Sujeito cretino, pensei eu e falei pra ela de imediato, sem me conter!
Cá entre nós, mas já repararam quantas mulheres se encontram numa situação dessas e são abandonadas pelo marido ou amante! Como são fracos alguns homens diante de doenças e da morte!
Já as mulheres, não! Pelo contrário, algumas até cuidam dos homens, mesmo tendo se separado muitas vezes antes e terem vivido algum tempo distantes, mas na velhice e na doença acabam retornando às suas antigas famílias, pois já vi e ouvi casos assim.
O mesmo ocorre com as mulheres que estão em presídios. Quase não se vê filas em visitas à presidiárias, mas passem na frente de um presídio masculino em dia de visitas. Estão lá, mulheres mães, amantes, esposas, filhas ou amigas. São bem mais solidárias diante da dor e do sofrimento humano, sem sombra de dúvida.
O fato é que fiquei também muito triste por ver a situação difícil em que aquela moça tão legal, trabalhadora e digna atravessou e não merecia de jeito nenhum o abandono. A isso juntou-se a tristeza com a morte da minha cachorra, então não foi um lindo final de semana, pois estive diante de casos em que mexeram com a minha cabeça e me fizeram pensar muito no sentido da vida e da morte e dos sentimentos que de uma hora para outra afloram em nossas vidas.
Li este ditado zen, tradicional do Japão e acho que serve bem para o momento:
"Precisamos aprender a morrer antes de morrer para começar a viver”
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