Natureza
Nossa casa, nosso porto seguro.
(Londres)
De uma maneira geral, interpretamos nossas almas como sendo nossas casas, nossa morada interior. E na vida real uma casa de verdade é o nosso refúgio sagrado, seja ela como for construída ou decorada. Não importa. Aquele é o nosso lar, o lugar onde descansamos, ficamos à vontade, despidos das roupas e do cansaço das ruas e onde podemos encontrar o ponto certo no universo para recuperar nossas forças.
Quando entramos em um ambiente caseiro, sentimos a energia do lugar emitida pelo toque que cada morador coloca, geralmente é muito energético e demonstrativo, pois ali está a essência da pessoa, do seu modo de ser, de sentir o seu canto e de se expressar na vida.
O fato é que quando nossos antepassados há muitos milhões de anos, sofrendo com sol forte, chuva, frio, e se resguardando dos animais selvagens, descobriram que numa caverna estariam protegidos foi aí então inventada a casa, aquilo que abriga , dá descanso, nosso porto seguro.
(S.João del Rey-MG)
Já estive em ambientes de casas muito humildes, mas com uma gostosa sensação de bem estar, de aconchego, de harmonia, de cheiros que cativam e ficam pra sempre na memória.
Era assim a pequena casa de um casal de velhinhos que por alguns anos acompanhei todos os meses para ajudá-los a retirar seu rendimento mensal no banco e depois levava-os ao supermercado para as compras. Não, eu não pagava nenhuma promessa, mas adotei-os como avós postiços, já que eu morava numa cidade em que não conhecia ninguém a princípio.
Ao final de todo este percurso, cansativo para ambos os lados, pois eles não ouviam muito bem e o velho às vezes arranjava encrenca com a moça do caixa no banco, dizendo que estava errado seu rendimento e que ela o estava roubando, acho que já estava um pouco esclerosado e complicava com certas coisas, mas o fato é que ao chegarmos em sua casa humilde, a senhora fazia questão que eu me sentasse e ela 'passava' um café, daqueles de roça, coado no pano, com bule de ágata e servia com um simples biscoito que ela tivesse na lata. E quando meu filho pequeno ainda ia comigo visitá-los, deixava para ele a água final que dava um café ralinho e doce que ele bebia e gostava muito.
A casa era muito humilde, mas tinha personalidade e vida principalmente, além das plantas vistosas que ela plantava em latas de óleo ou qualquer vaso que enfeitasse o terreno, por isso vez ou outra lembro-me deles e daqueles tempos.
(Imagem Antoni Gaudi)
Uma outra passagem também inesquecível, foi quando certa vez eu e meu marido fomos levar minha sogra a revisitar o local onde nascera. Ficava numa área de montanha, numa localidade em que nos velhos tempos era uma roça, mas um lugar de beleza singular e marcante pela vegetação e riachos.
Não achando mais a casa onde ela havia morado quando criança, paramos em frente a uma modesta casa
de pessoas que conheceram no passado a família dela e, como era pela manhã e não tínhamos encontrado nenhum hotelzinho ou lanchonete para tomarmos um café, a dona da casa nos convidou que entrássemos, e numa cozinha simples, de roça, nos instalou, pedindo que esperássemos um pouco enquanto iria preparar um pequeno café para todos nós.
Passados uns trinta minutos, a filha da mulher entrou na tal cozinha antiga, com fogão à lenha e uma mesa tosca e chamou-nos para um outro ambiente que, na verdade, era outra cozinha, só que toda de azulejos e mais moderna, com uma mesa retangular, cheia de delícias, desde a manteiga feita por ela própria, biscoitos caseiros, pão caseiro e um café plantado e moído por ela mesma. Simplesmente maravilhoso!
Comemos e conversamos com aquelas boas pessoas por muito tempo ali naquela casinha agradável, misturada de cheiros, sabores e afetuosidade. Isso não dá pra esquecer nunca. São coisas que cativam o espírito e o coração da gente.
(Tiradentes)
Sempre quando viajo gosto de observar as moradias dos habitantes locais e, confesso, alguns lugares fico super curiosa de saber como seria lá dentro daquela casa, principalmente quando o lugar é no exterior.
(Portobello Road-England)
Este assunto me veio hoje à cabeça porque visitei nestes últimos dias algumas casas para comprar, de famílias diferentes e com vibrações também diferentes. Vi uma ontem que tinha um ar de desleixo geral, mal cuidada, precisando de muita reforma, mas o dono da casa era uma simpatia e mostrou-nos tudo com muita amabilidade e ele parecia muito feliz em morar ali. Depois vimos outra que era toda decoradinha, impecável, nada fora do lugar, mas o marido da dona da casa, parecia que estava noutro mundo e não ali, fechado numa sala íntima jogando play station e nem nos cumprimentou direito, havia uma certa ausência naquela casa.
Descobrimos também com o tempo que uma casa precisa bem mais do que mobília e objetos para enfeitar, precisa de gente que habite com vida, calor humano, alegria de receber, sorrir e emitir boas vibrações., seja ela feita de madeira, de pedra, de gelo, de barro, de adobe, tijolos, metal, couro, sobre as águas ...
(Imagem Google)
Esta casa, feita de PET flutuante e que fica fundeada no Canal do Cunha, próximo à Ilha do Fundão, na área mais poluída da Baía de Guanabara, mas que segundo seu morador e idealizador, “é a Monalisa da Maré, uma obra de arte que todo mundo quer ver”.
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