Natureza
Engenharia ambiental: demanda no mercado da PB deve crescer 59%
Celina Modesto
A preocupação com o meio ambiente nunca foi tão latente quanto agora e as empresas cada vez mais estão buscando o selo de responsabilidade ambiental. Diante deste quadro, a demanda por profissionais da engenharia ambiental vem crescendo a cada dia e projeções apontam que, até 2020, haverá um aumento de 59% nas perspectivas de contratação em profissões relacionadas ao Meio Ambiente. Dentre as nove profissões que terão mais vagas em oito anos, Engenharia Ambiental alcançou a oitava posição.
As estimativas são de pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Para o estudo, a Firjan contou com a participação de 402 empresas, que juntas empregam 2,2 milhões de brasileiros. O curso de engenharia ambiental é relativamente novo no Brasil. O primeiro curso do País foi criado em 1992, na Universidade Federal do Tocantins, e chegou à Paraíba somente em 2005, através da Faculdade Unida da Paraíba (UNPB), na qual quatro turmas já se formaram. Somente três anos depois a Universidade Federal da Paraíba criou a modalidade de bacharelado do curso no Campus I, em João Pessoa, e a Universidade Federal de Campina Grande aprovou a criação do Curso de Engenharia Ambiental em 2009, que funciona no campus de Pombal.
O salário de um engenheiro ambiental recém-formado equivale ao piso da categoria estabelecido pela lei 4950-A de 1966, que definiu o valor de seis salários mínimos para seis horas diárias de trabalho, que corresponde atualmente a R$3.732, ou oito salários mínimos e meio, para uma carga horária de oitos horas de trabalho, que equivale a R$5.287 se tomarmos como base o valor do salário mínimo deste ano. Entretanto, um profissional com experiência pode ganhar até R$20 mil reais. O assessor técnico institucional do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Paraíba (Crea-PB), Corjesu Paiva, afirmou que o salário vai depender da experiência do profissional.
“Hoje em dia, o salário é questão de mercado. Quem diz quanto ganha é o conhecimento do profissional. Existe a lei 4950-A, que dispõe do piso para o profissional de engenharia e arquitetura. O que acontece é que hoje tem profissionais recém-formados que aceitam trabalhar por três salários mínimos, mas tem profissionais que já tem um pouco mais de experiência que se oferece R$10 mil e ele não quer. Então, quem vai ditar a faixa salarial é o conhecimento”, afirmou.
O curso de engenharia ambiental tem duração de cinco anos e é caracterizado pela abrangência de conteúdos vistos pelo aluno, que vai das disciplinas exatas e das engenharias, como cálculo e física, até a sociologia, ciências biológicas e da natureza. Segundo o coordenador do curso na UNPB, Giuseppe Vasconcelos, o objetivo é formar profissionais que tenham visão ampla sobre o uso sustentável dos recursos naturais.
O engenheiro ambiental desenvolve trabalhos relacionados ao saneamento, acesso e mobilidade, poluição sonora, visual e por antenas, recuperação de ambientes degradados, entre outros.
O assessor técnico institucional do Crea-PB, Corjesu Paiva, resumiu bem a formação de um engenheiro ambiental. “O profissional trabalha em conjunto, coordena as equipes, que são formadas por biólogo, engenheiro agrônomo, florestal, civil, eletricista, geógrafo, então, é um conjunto de profissionais que trabalham para o meio ambiente”, concluiu.
PB tem 37 profissionais registrados
Segundo dados do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Paraíba (Crea-PB), o Estado conta com apenas 37 engenheiros ambientais registrados. Se comparado aos cinco mil engenheiros civis cadastrados pelo órgão, por exemplo, é possível perceber que os profissionais ainda são escassos na Paraíba. Dessa forma, a procura pela profissão torna-se atraente para estudantes que buscam espaço no mercado de trabalho e oportunidades que ofereçam bons salários, já que o número reduzido de profissionais habilitados tende a valorizar a profissão.
“Escolhi estudar engenharia ambiental por ser um curso promissor de grande abrangência no mercado de trabalho, onde há poucos profissionais competindo”, afirmou o estudante do 4º período da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Joás Rocha. O estudante Marcos Leonardo Ferreira, que está no 6º período da graduação oferecida pela UFPB, partilha da mesma opinião do colega. “Escolhi o curso em função do crescimento da demanda de profissionais da área e tendo como consequência boas oportunidades de emprego”, disse.
Para quem pretende cursar engenharia ambiental, o estudante Anderson Alcântara, também do 6º período da UFPB, resumiu o que é o curso. “O curso é como se fosse uma fusão de biologia com engenharia civil”, disse. Para o estudante Marcos Leonardo, as disciplinas mais complicadas são as relacionadas à área de exatas. “As matérias mais difíceis são as da área de matemática, como cálculo 1, 2 e 3, além de mecânica dos fluidos, entre outras. As mais legais sempre são aquelas que tratam de questões que envolvem a engenharia ambiental a fundo”, relatou. “As cadeiras básicas são comuns a todas as engenharias, com pequenas diferenças, mas em comum todas tem os cálculos, físicas, desenho, etc. A única diferença entre engenharia ambiental e as demais engenharias são as cadeiras da área de biologia presente em nosso fluxograma, além das cadeiras especificas”, completou.
O professor e consultor ambiental Valdomiro Lucena, que ensina disciplinas como planejamento ambiental e monitoramento ambiental na UNPB, lembrou que a demanda atual por profissionais da engenharia ambiental está crescendo. “A área de atuação do engenheiro ambiental é extremamente abrangente. Ele pode atuar desde o gerenciamento de sistemas na indústria da celulose, petróleo, bebidas e alimentos, como na área de serviços, a exemplo de restaurantes, bares e hotéis. O engenheiro ambiental desenvolve projetos e cuida de questões como reciclagem de resíduos e lida com recursos hídricos, redes de esgoto, entre outras questões. Então, eles são necessários em diversas áreas”, afirmou.
Entretanto, o professor afirmou que o caos urbano no qual a sociedade se encontra atualmente torna a questão ambiental bastante complexa. “Por dia, cada pessoa produz 1,2 kg de resíduos sólidos e só a construção civil gera 700 gramas de resíduos sólidos per capita por dia. Além disso, a zona urbana é um grande problema ambiental. O trânsito caótico e os recursos hídricos poluídos dentro da cidade, por exemplo, são demandas que o engenheiro ambiental deve gerenciar e mitigar com ações como reuso de água, de produtos, entre outras”, disse.
Empresas buscam qualidade
O assessor técnico institucional do Crea-PB, Corjesu Paiva, explicou que as empresas cada vez mais estão em busca de profissionais que gerenciem os problemas com resíduos sólidos e outros impactos ambientais causados pelas atividades diárias. “Hoje, as empresas buscam qualidade, então, empresas de grande porte e indústrias estão buscando o cuidado com o meio ambiente. Então, tem o reuso da própria água nos prédios mais modernos, que faz com quem a água que se utiliza na pia vá para um determinado local e a da bacia sanitária vá para outro, enfim, uma série de coisas que aqui em João Pessoa ainda está se caminhando, não numa escala maior, mas esta se buscando”, explicou.
Atuação da engenharia ambiental
- Análise de riscos ambientais;
- Avaliação de impactos ambientais;
- Auditorias de diagnósticos ambientais;
- Controle de qualidade ambiental – Sistema
de Monitoramento e Vigilância;
- Ecodesign e análise do ciclo de vida;
- Gestão ambiental;
- Gestão de resíduos sólidos e líquidos;
- Licenciamento Ambiental;
- Ordenamento do território (uso do solo)
rural e urbano;
- Tecnologia / produção limpa;
- Regulamentação e normatização
O que é engenharia ambiental?
É um ramo da engenharia que estuda os problemas ambientais de forma completa nas suas dimensões ecológica, social, econômica e tecnológica, com vistas à promoção de um desenvolvimento sustentável. A atividade é essencial na recuperação de danos ambientais e na preservação de impactos em projetos de grandes obras necessárias ao desenvolvimento.
Perfil do engenheiro ambiental
É o profissional de formação generalista, que atua no Planejamento, na Gestão Ambiental e na Engenharia e Tecnologia Ambiental. Atua nos aspectos do relacionamento Homem-Meio Ambiente e seus efeitos na cultura, no desenvolvimento sócio-econômico e na qualidade vida. Coordena e supervisiona equipes de trabalho, realiza estudos de viabilidade técnico-econômica, executa e fiscaliza obras e serviços técnicos; e efetua vistorias, perícias e avaliações, emitindo laudos e pareceres. Em suas atividades, considera a ética, a segurança, a legislação e os impactos ambientais.
Onde o curso é oferecido na Paraíba:
- Faculdade Unida da Paraíba (UNPB)
- Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
- Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
Fonte: Correio da Paraíba
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