Cozinha Colorida
Natureza

Cozinha Colorida




Se tem um lugar da casa que me atrai sempre, e que inclusive já falei aqui, aqui e aqui, mas volto a falar porque não mudei em nada meu pensamento em todos estes anos, ou seja, continuo gostando cada vez mais de uma cozinha.  Nem sempre para cozinhar, porque não sou muito chegada, porém muito mais para comer ou ficar de papo, conversa fiada de família, café da tarde com uma amiga - lugar aquecido pelas chamas do fogão e do calor humano de quem come junto, ri e conversa sobre a vida.

Reacendeu-me esta paixão por escrever sobre as mesmas, depois que vi as belas imagens na galeria de fotos da Revista Casa e Jardim. Vejam e inspirem-se para uma nova decoração, cheia de cores e aconchegos.













E para mais deleite e inspirações sobre este tema, um belíssimo texto do meu escritor predileto - Rubem Alves.

 A Cozinha

Qual é o lugar mais importante da sua casa? Eu acho que essa é uma boa pergunta para início de uma sessão de psicanálise. Porque quando a gente revela qual é o lugar mais importante da casa, a gente revela também o lugar preferido da alma. Nas Minas Gerais onde nasci o lugar mais importante era a cozinha. Não era o mais chique e nem o mais arrumado. Lugar chique e arrumado era a sala de visitas, com bibelôs, retratos ovais nas paredes, espelhos e tapetes no chão. Na sala de visitas as crianças se comportavam bem, era só sorrisos e todos usavam máscaras. Na cozinha era diferente: a gente era a gente mesmo, fogo, fome e alegria.
“Seria tão bom, como já foi…”, diz a Adélia. A alma mineira vive de saudade. Tenho saudade do que já foi, as velhas cozinhas de Minas, com seus fogões de lenha, cascas de laranja secas, penduradas, para acender o fogo, bule de café sobre a chapa, lenha crepitando no fogo, o cheiro bom da fumaça, rostos vermelhos. Minha alma tem saudades dessas cozinhas antigas…
Fogo de fogão de lenha é diferente de todos os demais fogos. Veja o fogo de uma vela acesa sobre uma mesa. É fogo fácil. Basta encostar um fósforo aceso no pavio da vela para que ela se acenda. Não é preciso nem arte nem ciência. Até uma criança sabe. Só precisa um cuidado: deixar fechadas as janelas para que um vento súbito não apague a chama. O fogo do fogão é outra coisa. Bachelard notou a diferença: “A vela queima só. Não precisa de auxílio. A chama solitária tem uma personalidade onírica diferente da do fogo na lareira. O homem, diante de um fogo prolixo pode ajudar a lenha a queimar, coloca uma acha suplementar no tempo devido. O homem que sabe se aquecer mantém uma atitude de Prometeu. Daí seu orgulho de atiçador perfeito…” Fogo de lareira é igual ao fogo do fogão de lenha. Antigamente não havia lareiras em nossas casas. O que havia era o fogo do fogão de lenha que era, a um tempo, fogo de lareira e fogo de cozinhar.
As pessoas da cidade, que só conhecem a chama dos fogões a gás, ignoram a arte que está por detrás de um fogão de lenha aceso. Se os paus grossos, os paus finos e os gravetos não forem colocados de forma certa, o fogo não pega. Isso exige ciência. E depois de aceso o fogo é preciso estar atento. É preciso colocar a acha suplementar, do tamanho certo, no lugar certo. Quem acende o fogo do fogão de lenha tem de ser também um atiçador.
O fogão de lenha nos faz voltar “às residências de outrora, as residências abandonadas mas que são, em nossos devaneios, fielmente habitadas” (Bachelard). Exupèry, no tempo em que os pilotos só podiam se orientar pelos fogos dos céus e os fogos da terra, conta de sua emoção solitária no céu escuro, ao vislumbrar, no meio da escuridão da terra, pequenas luzes: em algum lugar o fogo estava aceso e pessoas se aqueciam ao seu redor.
Já se disse que o homem surgiu quando a primeira canção foi cantada. Mas eu imagino que a primeira canção foi cantada ao redor do fogo, todos juntos se aquecendo do frio e se protegendo contra as feras. Antes da canção, o fogo. Um fogo aceso é um sacramento de comunhão solitária. Solitária porque a chama que crepita no fogão desperta sonhos que são só nossos. Mas os sonhos solitários se tornam comunhão quando se aquece e come.

Nas casas de Minas a cozinha ficava no fim da casa. Ficava no fim não por ser menos importante mas para ser protegida da presença de intrusos. Cozinha era intimidade. E também para ficar mais próxima do outro lugar de sonhos, a horta-jardim. Pois os jardins ficavam atrás. Lá estavam os manacás, o jasmim do imperador, as jabuticabeiras, laranjeiras e hortaliças. Era fácil sair da cozinha para colher chuchus, quiabo, abobrinhas, salsa, 
cebolinha, tomatinhos vermelhos, hortelã e, nas noites frias, folhas de laranjeira para fazer chá.


****************






loading...

- Comece Imaginando.
"Tudo que a gente faz começa na imaginação." "Conchas, teias de aranha, iglus, ninhos, colmeias, prédios, formigueiros - há uma infinidade de tipos de lugar em que os seres vivos moram. Ao observar essas "casas", a gente descobre um monte...

- "escuta O Trem De Ferro Alegre A Cantar..."
(Pode clicar, são apenas 4 segundos) Em dias como hoje, friozinho, chuvoso e calmo, propício para rever fotos antigas, encontro-me aqui, perdida olhando as belezas da nossa terra, quase sentindo o cheirinho do bolo de fubá da pousada em Tiradentes...

- Blogagem Vida Simples
A Blogagem Coletiva que a Mila promove a partir desta semana será para falarmos da "Vida Simples no Lar!".  Bom, se tem uma coisa que me deixa feliz e completamente relaxada é estar em minha casa,  à vontade e fazendo o que gosto....

- Uma Receita Super Light
Depois de tantas comemorações e comes e bebes, a consciência bateu forte hoje e resolvi que tinha que fazer algo bem light para a hora que dá aquela vontade de comer alguma coisinha doce, principalmente à tarde que é a minha hora crítica. Aprendi...

- Conheça A Gastronomia Da Fazenda Estância Mimosa Ecoturismo
Nada melhor do que estar de férias, em um local privilegiado, cercado por natureza e belezas naturais e poder desfrutar da culinária local. "Ser pego pelo estômago" é uma frase muito conhecida, mas é a pura realidade quando se depara com uma mesa...



Natureza








.