"Escuta o trem de ferro alegre a cantar..."
Natureza

"Escuta o trem de ferro alegre a cantar..."


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Em dias como hoje, friozinho, chuvoso e calmo, propício para rever fotos antigas, encontro-me aqui, perdida olhando as belezas da nossa terra, quase sentindo o cheirinho do bolo de fubá da pousada em Tiradentes nas Minas Gerais, dos caminhos de pedras, dos artesanatos e do trenzinho que sempre me aguarda nos trilhos quando eu lá vou. 

Ahh o trem de ferro, a Maria Fumaça! Aposto que muita gente ainda não andou num trem de ferro, as crianças e jovens então, talvez nem saibam o que vem a ser tal máquina!
Aquele apito estridente, jogando fumaça branca no ar, algo tão antigo, mas que toca os corações daqueles que o veem, sentem-se na alegria,  transportados para aquilo que inspirou poetas, fotógrafos, compositores. "Com o compositor Villa-Lobos virou música de orquestra: "O trenzinho do caipirira".  Com Adélia Prado virou poema: "Um trem de ferro é uma coisa mecânica, mas atravessa a noite, a madrugada, o dia, atravessou minha vida, virou só sentimento."  E, com Milton Nascimento virou canção: "Maria-fumaça não canta mais para moças, flores, janelas e quintais. . .".

E o que é um 'Trem de Ferro"?  Ninguém melhor do que um bom mineiro, nascido na Serra da Boa Esperança, sul de Minas Gerais, nosso querido Rubem Alves para dizer-nos. Vejam a descrição de forma quase infantil que ele fez sobre o trem de ferro, numa coletânea de suas memórias dedicadas às suas netas, mas que nos faz visualizar perfeitamente uma Maria Fumaça em pleno funcionamento:

". . . Meu pai não respondeu. Foi até a prateleira onde se encontrava a enciclopédia . . . Aí ele me mostrou fotografias de locomotivas. Mostrou e explicou.  Disse que eram feitas de ferro. Que eram muito pesadas.
Que suas rodas eram enormes.  De tão pesadas não podiam andar nas estradas comuns, de terra:  afundariam.  Andavam sobre trilhos de aço presos no chão.  Dentro delas havia uma fornalha com fogo aceso.  O fogo aquecia a água, presa dentro de uma caldeira.  Me explicou o que era uma caldeira. . . Uma caldeira era uma chaleira enorme que não deixava o vapor escapar.  O vapor preso ficava muito poderoso.  Tão poderoso que fazia girar as rodas da locomotiva. . . . Disse que o vapor, passando por um cano, fazia a locomotiva apitar.  O maquinista puxava uma corda para fazer a locomotiva apitar.  O apito era a buzina da locomotiva.  Quem estivesse sobre os trilhos que fugisse, pois a locomotiva não podia desviar.  Na cabina ficavam o maquinista, encarregado de controlar a locomotiva, fazê-la andar, frear, apitar.  E o foguista, que jogava lenha na fornalha, para que o fogo estivesse sempre aceso..  Engatados na locomotiva vinham os vagões onde ficavam os passageiros.  Da chaminé da locomotiva saíam brasas aos milhares, em virtude do fogaréu que havia lá dentro.  De noite era uma beleza!  Era como se dentro da barriga da locomotiva saíssem milhares de estrelas!  Mas era preciso ter cuidado.  Vez por outra uma dessas brasas entrava pela janela do vagão onde estavam os passageiros e ou fazia um buraco no terno de um homem ou iniciava um pequeno incêndio na cabeleira de uma mulher . . .   Por isso aqueles que viajavam de trem se protegiam com casacos chamados "guarda-pó", vestidos sobre os ternos, e usando chapéus ou bonés . . ."

E para terminar este post nesta tarde de agradáveis lembranças, uma música desse grande mineiro que ficará para sempre em nossas memórias e corações.  - Milton Nascimento e Boca Livre - Toada -.



Ô trem bão!








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