Natureza
À luz da psicanálise
Na semana passada, no salão de cabeleireiro, conversava com uma mulher, simpática, de meia idade e com uma vasta bagagem de vida. Estava se preparando para ir conhecer o netinho que nascera aquela semana em São Paulo. A conversa estava boa, mas ela era uma pessoa bastante prolixa, usava mais palavras do que o necessário para explicar alguma coisa, mas como eu sou uma ótima ouvinte, meus amigos assim o dizem, ou tenho um enorme saco para essas coisas, fui levando a conversa, ela falando mais do que eu e contando os 'causos' de sua vida cheia de estórias na juventude sob a vigilância atenta e rígida do pai general.
Então ela começou a falar dele, o pai, até chegar à sua morte, mas não falava o nome da doença que o levara, deixava subentendido qual era, porém não citou o nome nenhuma vez. Percebi um certo tabu com relação a falar que o pai tinha morrido de câncer, mas tudo bem, cada um tem um jeito de se expressar e muitas vezes é de acordo com o que aprendeu com seus pais, sua família ou sua religiosidade.
De minha parte eu não vejo nenhum problema em mencionar o nome de doenças, pois sempre achei que todo e qualquer mal que possa nos atingir é uma coisa natural em nossas vidas, afinal não somos postes e sim gente de carne e osso, frágeis em nossa breve humanidade.
Mais uma vez, encontro nas palavras sábias de Rubem Alves, alento e esclarecimentos, através deste pequeno texto sobre este aspecto no comportamento das pessoas. Vejam que interessante:
Remédio contra a morte
Há doenças que só chateiam; resfriado, torcicolo, frieira, hemorroidas...
Ninguém pensa que vai morrer por causa delas - só se for uma pessoa perturbada da cabeça. Doente com essas doenças, o incômodo fica nosso companheiro, em todas as horas. Mas há outras doenças que, inevitavelmente, trazem consigo a possibilidade da morte. Quem tem câncer pensa em morte. Quem tem uma insuficiência renal crônica pensa em morte. Quem tem leucemia pensa em morte. Quem tem aids pensa em morte. Quem sofre de uma degeneração progressiva do sistema nervoso pensa em morte. Só o nome da doença já traz a companhia do fantasma da morte. E o corpo fica sendo um lugar mal-assombrado. Alguns pensam que o remédio contra o fantasma é não falar nele. Tive um tio de quem eu muito gostava que se recusava a ir ao médico. E a sua justificativa era: "Pode ser que eu tenha alguma coisa". Ele pensava que a coisa só existe quando é falada. Assim, o remédio contra a morte é não falar. Pensamento positivo! Falemos sobre música e flores! Sobre futebol e política! O remédio contra o fantasma da morte é a "distração"! Nada mais tolo ...
Quando não admitimos a morte na sala de visitas ela nos invade pela porta da cozinha, aloja-se silenciosamente no corpo a ali faz o seu trabalho de ansiedade, medo e raiva. Traduzido em linguagem psicanalítica: quando a morte é reprimida no consciente, ela nos penetra via inconsciente. Só há uma forma de exorcizar o demônio da morte: é falando honestamente sobre ela, chamando-a pelo seu nome. Os demônios são exorcizados quando o seu nome é pronunciado em voz alta: essa é uma lição que nos vem dos evangelhos e da psicanálise. Sobre isso escrevi, há muitos anos, uma estória para a minha filha pequena e para os adultos que quisessem: A menina e a pantera negra. Ela sonhou com uma pantera negra. Do sonho surgiu a estória. A pantera negra urrava durante as noites amedrontando todo mundo na casa. Ela parou de urrar quando a menina descobriu o seu nome e a chamou. Aí ela se aproximou e colocou seu focinho no colo da menina ... E seus urros se transformaram num ronronar macio ...
-Rubem Alves é psicanalista, educador, teólogo e escritor.
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