Depois de um ano de espera.
Natureza

Depois de um ano de espera.



Esta semana eu fui a um bom médico homeopata e sabem como é o atendimento desse tipo de médico, bem mais humanizado e paciente, ouve a pessoa, pergunta muito e quer saber de coisas simples, mas que poderão dizer muito para sua análise.  Uma atitude que eu abomino nos médicos atualmente é ficar perguntando algo e nem olhar pra gente, mas sim para a tela do computador, digitando tudo, ao invés de escrever à mão, o que me parece bem mais afetivo com o paciente. 
Ele perguntou-me se eu chorava facilmente, se era muito emotiva, assim por qualquer coisinha.  
E eu disse-lhe que até que não, para dizer a verdade, eu já chorei muito quando meu pai morreu, foram muitos dias chorando e me acabando, quase precisei refazer as minhas pálpebras que ficaram muito inchadas, mas o tempo ajudou-me nisso e ainda não mexi nelas, porém  lembro-me que foram muitos meses de tristeza e fiquei tão sensível que chorava por qualquer coisa.  No entanto, passados os anos, penso que chorei todas as lágrimas que tinham dentro de mim e daí que não choro assim tão facilmente depois disso.

Muitas mulheres na minha faixa de idade ficam mais emotivas, talvez devido a perda de hormônios, menopausa e outras coisas, mas eu não costumo chorar nem nos filmes tristes, fico apenas emocionada, digamos assim.  Os olhos enchem-se de lágrimas e eu fico sensibilizada com a estória, tanto de filmes como alguns livros. Mas até a natureza com tanta beleza, muitas vezes desperta em mim uma grande emoção, quando experimento, por exemplo, ouvir um pássaro cantando sozinho no final da tarde ou um beija-flor indo de flor em flor sugando o néctar com seu fino biquinho. Nós choramos ou nos emocionamos diante da tristeza e da alegria e os motivos podem ser vários, afinal, como não se sensibilizar diante da beleza da vida ou do sofrimento de outros semelhantes ou de animais indefesos?!

Mas, hoje aconteceu-me algo inusitado e que até fiquei surpresa comigo mesma, quando vendo um programa de televisão à tarde, me peguei chorando, lágrimas rolando junto com os personagens à minha frente na telinha, mas eles não eram de filmes e sim da vida real e sem pré-produção, justamente para captar as emoções dos participantes e do telespectador.  
O programa em questão, chama-se Chegadas e Partidas no canal GNT com a apresentadora Astrid Fontenelle. Ela fica no aeroporto, acho que Guarulhos em S.Paulo, e entrevista aquelas pessoas que ficam na boca de chegada do desembarque ou do embarque, aguardando ou despedindo-se de familiares, namorada, esposa ou amigos, e aí vocês podem imaginar o que rola de emoção, porque aquilo ali é real, são estórias verídicas de espera, de descobertas, de partidas para lugares longínquos, de dores e alegrias nas separações e nas chegadas.

Lembrei-me de quando meu filho viajou pela primeira vez de avião. Ele foi com os primos e um grupo de uma agência de viagens para a Disney e antes dele entrar por aquela porta, todo alegrinho e de cabelos esvoaçantes, espevitado nos seus 13 anos, me dando tchauzinho e sorrindo, senti então aquele nó na garganta por vê-lo sumir assim, de forma tão rápida e por tê-lo deixado que embarcasse sozinho. Foi aí que caí na real, percebendo que estava abrindo mão de um menino em tenra idade, num voo internacional para um local tão longe.  Após isso, ficamos, eu e marido, acompanhando a saída do avião e aí vimos aquele ponto no céu sumindo, aquela luzinha vermelha piscando no céu escuro da noite que caiu lá fora e dentro de mim até o dia seguinte.
Chorei horrores e chorei também quando fui buscá-lo, de alegria.
Anos depois, estava novamente me despedindo do filho para o intercâmbio de 1 ano nos Estados Unidos e mais uma vez chorei muito, tanto na ida dele quanto na volta. 

Aquele lugar é mesmo um local cheio de emanações de grande energia, pois tanto se chora na partida, quanto na chegada. Uma atmosfera de sentimentos densos.

E lá estava hoje, entrevistado pela Astrid, um jovem de 20 e poucos anos, com jeitão interiorano, respondendo às perguntas que ela lhe fazia, mas balançando o corpo de um lado pro outro, não conseguia ficar parado tal era sua ansiedade e emoção.  Esperava a namorada que fora estudar na França por um ano, mas que continuavam o namoro via internet e que, segundo ele, era uma forma horrível de namorar alguém.
Ele falava com a apresentadora, respondendo-lhe as perguntas, mas com os olhos pregados na porta de saída da sala de desembarque, e nada, nada da namoradinha aparecer.  Ele disse que o voo havia chegado a quase 1 hora e ela não saia pela porta.  Atrás dele, a família da moça, japoneses, com aquele olhar calmo e pacífico, rindo e acalmando o rapaz que não parava de se mexer de tanta ansiedade e angústia.
Quando a mocinha chegou, de chapéu branco, empurrando seu carrinho lotado de malas, ele saiu em disparada ao seu encontro, abraçou-a com força e se beijaram emocionadamente ao som da música que eles têm como tema de amor. Lindo!

Ah, gente eu chorei! Realmente fiquei emocionada com o amor sincero e de espera daquele simples rapaz e dos sentimentos tão plenos e intensos observados naquele lugar.

Agora, quando eu retornar ao bom médico, vou ter que lhe passar mais este sintoma estranho e que vem aparecendo, de repente, na minha idade.  Mas, olhem o vídeo abaixo e vejam se conseguem ficar sem se emocionarem. 


E por falar em emoções, se quiserem conferir um outro texto meu, como participação no concurso que a amiga Somnia está fazendo em seu Blog, é só clicar aqui.
Hummmm, são tantas emoçõessssss!







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