Quando somos jovens criamos algumas barreiras para ficarmos iguais no mesmo círculo de amigos, principalmente se este círculo é cheio de pessoas antenadas, espertas, moderninhas e que torcem o nariz para o que consideram brega, cafona ou chato. Eu também já vivi esta espécie de patrulhinha cultural. Primeiro foi a bossa nova nos anos cinquenta que eu não cheguei a aderir totalmente porque era garotinha, mas ficou marcada pela voz macia de Nara Leão e João Gilberto, Roberto Menescal, e o charme de Carlos Lyra, Tom e Vinicius, preciosidades que tocavam no toca discos ABC (igual a esta debaixo) que meu pai adquiriu somente para curtir estes e outros sons divinos e que ficaram para sempre em minha memória.
(imagem Google)
Depois veio os anos 60/70 e quem não ouvia Beatles, Bee Gees, Pink Floyd, Carpenters, aquela turma estrangeira que invadiu as rádios e que ditou moda em comportamentos e roupas, era simplesmente segregado de nosso grupinho.
Eu fazia o estilo Janis Joplin, careta e não tinha cabelão enrolado como o dela, era liso e compridão e ainda gostava de amarrar uma faixinha na cabeça e outra na calça Lee que, acreditem, era saint tropez e eu usava com uma mini blusa rosa com estrelas brancas aparecendo o umbiguinho. Mas isso bem distante do meu pai, geralmente de dia, nos encontros com as amigas que também curtiam o mesmo gosto que eu.
Éramos quatro meninas metidas à besta que só! Cabeças nas nuvens, achávamos que sabíamos tudo e quem viesse com papo de Roberto Carlos e sua turma, a gente torcia o nariz e dizia que não entendiam de música, afinal a gente só ouvia de Led Zeppelin à Elis Regina e Edu Lobo, fazíamos questão de mostrar nossa intelectualidade musical e não perdíamos a nenhum grande festival da canção brasileira, sabendo de cor e salteado as músicas que concorriam e que tinham um forte cunho de protesto político, embora eu não soubesse de nada do que estava acontecendo nos porões da ditadura. Eu cantei durante meses seguidos Feira Moderna de Beto Guedes e O Amor é o meu País de Ivan Lins, assim como muitas outras maravilhosas e inesquecíveis canções. Até mesmo a diferente e inovadora BR3 que Toni Tornado, um homem negro e grandalhão, vestindo botas prateadas e dançando como um super robô, arrebatou milhares de jovens que o copiaram por muito tempo. Era um tempo super rico em movimentos musicais e eu estive bastante ligada nele. Cantava mais que uma cigarra em tarde de verão.
Na verdade, eu lembrei-me dessas coisas todas quando vi um vídeo no You Tube da turminha Os Mutantes, com Rita Lee ainda bem menina e linda. Essa banda foi uma das minhas prediletas e eu passava horas cantando com minhas amigas suas músicas gostosas e fáceis de interpretar. Aquela, "Ando meio Desligado" era meu hit predileto, pois era assim que eu era naquele tempo e às vezes pareço retornar aquela época quando entro em alfa e não presto atenção em nada que estão falando. Ainda sou uma mutante, com certeza!
E agora que não tenho mais 'turma', nem sigo modismos, e não estou nem aí para o que pensam ou não das minhas preferências, principalmente musicais, vou então mostrar um pouquinho do que gosto de ouvir quando estou sozinha no meu carro ou em casa.
(Laura me transporta no romantismo)
(Elton me lembra tempos mais tranquilos)
(Paul Young lembra dança de rosto coladinho)
(Faço Mozarterapia enquanto leio os blogs prediletos)
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