Natureza
Sonho transformado em realidade.
- Cartaz do Filme La Dolce Vita de Federico Fellini - 1960 -
Tinha lá meus 19 ou 20 anos quando comecei a assistir filmes considerados 'de arte', uma nova face do cinema que apresentava cineastas polêmicos e altamente intelectualizados como Kubrick, Hitchcock, Buñuel, Bergman, e o grande Fellini que fez o bonito e metafórico La Dolce Vita, mas que eu adorei mesmo porque era com o lindão do Marcello Mastroianni numa cena de amor marcante num lugar que nunca mais eu esqueceria na vida.
Era uma época em que estudantes de artes, de história, de letras ou quem amava cinema de uma maneira geral, encontrava uma enorme variedade, todas as semanas, nas grandes telas dos cinemas pela cidade. E eu tinha uma amigona que fazia Belas Artes e era mais velha que eu, viciada em cinema e ela me arrastava para assistir aos grandes lançamentos de filmes notoriamente complicados para a minha cabecinha avoada da época.
No início eu ia e achava tudo um xarope, como por exemplo, quando ela me implorou para acompanhá-la a ver Gritos e Sussurros de Ingmar Bergman. Película muito densa, cheia de emoções, ambientação austera, avermelhada e, para alguém como eu, que começava a tentar entender os meandros e belezas da sétima arte, aquilo era demais para deter a minha jovem atenção. Entretanto, com tantas idas aos cinemas em tardes depois das aulas, pipocas e drops de anis aos montes, descobri também filmes de rara beleza e envolvimento, tais como Um Estranho no Ninho, Midnight Cowboy, Ensina-me a Viver, O Último Tango em Paris e uma infinidade de filmes maravilhosos, inesquecíveis e que vez ou outra, revejo pelo vídeo ou em algum canal de filmes antigos.
Quando se é jovem e ficamos embevecidos com um filme que contenha um lugar, uma determinada cena ou até mesmo uma linda atriz, saímos do cinema com aquela imagem captada tão fortemente que corremos o risco de acharmos que estamos com a cara da Sophia Loren ou Charlize Teron, por exemplo. Isso, inclusive, aconteceu-me quando fui assistir há pouco tempo Uma noite em Paris de Woody Allen, saí me achando nas ruas daquela beleza de cidade e quando dei por mim, estava num ponto de táxi na realidade nada romântica da cidade em que moro. Cinema é isso, ilusão, mágica, beleza, encantamento.
Ah, sim! Voltando ao lugar que nunca mais eu esqueceria na vida, contido no filme de Fellini - La Dolce Vita - vocês ficaram curiosos para saber onde era, né mesmo? Eis aqui, abaixo!
- Fontana di Trevi - Roma -
Aquela cena em que Mastroianni beija a belíssima loura sueca, Anita Ekberg, dentro da piscina formada pelas águas da Fontana di Trevi, ficou na minha memória romântica e tantas vezes visualizei eu mesma, ali naquele lindo lugar, beijando também o meu amado. Mas, é claro, ninguém pode entrar na fonte, só mesmo o cinema para estas ilusões maravilhosas. Podemos apenas admirá-la, fotografá-la ou fazer pedidos, para quem crê, e jogar uma moedinha para os deuses como manda a tradição romana.- Cena na Fontana di Trevi com Mastroianni e Anita Eckberg -
Quando vi pela primeira vez, de perto, esta incrível, bela e maior das fontes barrocas da velha Itália, cheia de turistas igualmente apaixonados por este símbolo romano, aquela imagem voltou nítida em mim e, confesso, emocionei-me, lembrei-me de tudo e apaixonei-me de novo por aquele lugar. Bateu tão forte em mim as recordações que até eu mesma me espantei com aquilo tudo. Ainda bem que o hotel onde ficamos era bem pertinho dali. Assim, todos os dias em que fiquei em Roma eu ia lá e ficava um pouco, olhando, admirando as esculturas gigantes, o comportamento das pessoas, ajudava alguns outros turistas a fazer fotos com seus acompanhantes e ficava com meu marido, enamorada, de mãos dadas, bebendo a mágica daquele lugar. Fui pelo dia e pela noite, porque adorava ver os contrastes nas diferentes horas do dia. E que contrastes! A Fontana di Trevi é realmente um clássico.
Joguei algumas moedinhas em suas águas azul-claras. Uma para realizar um desejo particular, outra para uma amiga que estava doente, mais outra para minha cunhada e sua filha e para quem me pediu antes de viajar. Dizem que estas moedas são recolhidas todas as manhãs pelas pessoas que fazem a manutenção do monumento e estas são doadas à Caritas, uma organização da Igreja Católica, e a média é de 50 quilos por dia em moedas e que perfazem um valor de 1500 euros aproximadamente.
As imagens que captei nestes momentos e variados dias, poderão dizer melhor sobre este lugar encantador que tive o prazer de conhecer e realizar meu sonho romântico, lembrando que Roma escrita ao contrário é Amor.Apreciem, com moderação.
Fiz este texto, pois lembrei-me de minha juventude e do quanto algumas imagens ficaram fortemente marcadas para sempre em mim, e quando agora, depois de décadas, tive a oportunidade de experimentá-la de forma real e emocionante, quis dividir com vocês minhas lembranças e impressões, não sendo apenas uma demonstração de viagem pessoal.
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