Natureza
Retrocesso histórico e imoral aqui, assim como no mundo.
Desde 2013 muitos imigrantes haitianos chegam ao Brasil pelo Acre e agora já entrando em outros estados brasileiros. No momento, o MP está levantando uma investigação sobre empresas que vão ao Acre para contratar a mão de obra haitiana e usam alguns requisitos para contratar estas pessoas sofridas de uma forma aviltante e que relembra o fatídico escravagismo em nossa terra, pois como se não bastasse toda a dificuldade por que passaram os mesmos para chegarem até aqui, enfrentam humilhação desumana nestas escolhas, tais como:
- idade inferior a 38 anos, espessura da canela e até a genitália - no momento da contratação.
Oras, se um empregador faz restrições a estes quesitos acima citados, dá a estas pessoas uma condição sub-humana, tratados como animais, um cavalo, por exemplo!
Vivemos num mundo globalizado e temos que ter a consciência de que este problema dos outros também é um problema nosso. Uma evidente exploração do ser humano. É a exploração do homem pelo homem!
Mas, não existe uma posição do governo federal!
As condições que oferecem a estes que lá chegam, são como senzalas do século XIX, onde ficam encostados, amontoados, esperando conseguir trabalho de empregadores semelhantes a de um leilão de escravos. Se há empresas indo lá procurar mão de obra é porque tem trabalho.
Falta, urgentemente, uma posição do governo sobre estas empresas, fiscalizar as condições de vida desses imigrantes antes e depois de conseguirem um emprego aqui no Brasil.
Portanto, colocá-los num ônibus e enviá-los para São Paulo ou o sul, não é a solução. Este 'olhar humanitário' terá que partir, antes de mais nada, do nosso governo e autoridades. São seres humanos, não podemos esquecer disso! Mas, não precisamos fazer mais do que o necessário e o que podemos, ou seja, deixar entrar à vontade sem dar a guarida necessária não é nada bonito!
São tratados como escravos dos dias modernos, não terão futuro e poderão cair na mesma desgraça de antes ou se unirem ao exército de desvalidos que já existe em nosso país.
Como eles estavam numa condição de vida, aparentemente, piores do que estão aqui, aceitam qualquer negócio. Qualquer explorador vendo estra grande e fácil oportunidade de explorar vai explorar mais e mais.
E eles continuarão entrando, assim mesmo!
De nossa parte, devemos exercitar a compaixão por estas vidas que enfrentaram o frio das embarcações nos mares, a fome, a morte aos poucos na noite escura ou pelas manhãs, sem nada em suas mãos secas e olhos desesperados em busca da vida, do simples destino a que lhes foi conferido.
(Por Patricia Baikal)
Quando a morte está ao seu lado todos os dias, a vida se torna apenas uma ilusão. Ele se acostumou a isso, a morrer um pouco cada manhã sem saber se verá a noite, e aceitar simplesmente o destino feito de areia quente e nada mais. O que se há de fazer com dois grandes olhos negros, uma alma cabisbaixa e mãos secas? Aguardar na fila apenas, como centenas de outros olhos, almas e mãos. Aos poucos, o barco ia se ocupando de gente assim, gente quase morta.
Ele lá, sentado, encolhido nos seus nove anos de idade, acenando o último adeus para a sua mãe enquanto tossia a dor de frio e de medo. Calou-se quando alguém avisou que a viagem começaria. Se eu dormir, o medo passa? Quando aperto a minha barriga, a dor passa… Conversar sozinho sempre foi sua brincadeira mais divertida. De vez em quando, o mar respingava no seu rosto, e ele achava bom sentir aquele gosto de lágrima. Fazia-o se sentir em casa.
Abriu um saquinho que estava no seu bolso e comeu três amendoins. O rapaz ao lado olhou curioso para o crac crac que o menino fazia com os dentes. Quer um? As mãos secas agora serviam amendoins. Por que ninguém dormia se a viagem era tão longa? Ele não, ele fazia questão de sonhar que era para ver sua mãe tocar-lhe os cabelos, e imaginá-la no porto, do outro lado do Mediterrâneo, sorrindo ao vê-lo voltar.
A chuva começou lenta, uma garoa para encher os copos com água doce. Ao menos não morreria de sede. Na verdade, ninguém morre de sede menino, morre de falta de esperança. Eu acho que no deserto não há esperança… Mas ela sempre me dizia o contrário, minha mãe. Naquela noite, isso não importava: ele tinha água no copo e não estava mais no deserto. E seus olhos negros agora estavam mais negros ainda porque refletiam o último céu que veriam.
O barco ia e vinha, para lá e para cá, as pessoas caíam e ele também. Vamos afundar? Me diga, moço, falta muito para o barco chegar no porto? Falta? Suas mãos procuravam outras mãos. Mãe! O saquinho de amendoim, cadê? Alguém viu? É pequeno demais o barco para tantas almas cabisbaixas. O mar não, o mar é imenso e consegue abraçar todas elas, de uma só vez.
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