Relação Custo X Benefício
Natureza

Relação Custo X Benefício



(Imagem-Peter Essick/Aurora Photos/Corbis)

Gente, tem um assunto que eu queria levantar por aqui há tempos, mas calhou de acontecer comigo o mesmo que aconteceu a um amigo de meu marido que mora há muitos anos nos Estados Unidos e, que por mais que ele esteja envolvido com a cultura americana, tem filhos americanos também, mas ainda fica assustado com o nível de consumo elevado do povo e a facilidade que têm em trocar um aparelho eletrodoméstico de suas casas sem muita cerimônia.

Ele contou ao meu marido que no mês passado a máquina de lavar louça da família apresentou um problema e, com a cabeça de brasileiro ainda, procurou e ligou para a assistência técnica daquela marca. O homem que o atendeu foi logo dizendo quando custaria a visita, depois quanto seria o trabalho que seria cobrado por hora, e o valor das peças que teriam que ser trocadas. O amigo de meu marido ouviu tudo, fez as contas, agradeceu e desligou. Imediatamente, entrou na internet e viu o preço de uma mesma máquina novinha em folha e, para seu espanto, ficaria bem mais em conta do que todo aquele processo para restaurar sua atual máquina.
Conclusão: comprou uma nova que chegou em poucos dias e a outra, com uma aparência ainda muito boa, foi colocada na rua num determinado momento em que o caminhão de lixo passou e com um pequeno guindaste o motorista do caminhão elevou a máquina e apertou-a como uma latinha de refrigerante, transformando-a em lixo amassado e que provavelmente serviria como material reciclável. Ali era o final da máquina de lavar com cara de nova e que em nada foi reaproveitada.  A máquina capitalista substituiu-a rapidamente. E é muito comum uma cena destas por lá onde ele mora, no Texas, disse ele.

E comigo está acontecendo quase a mesma coisa, pois o telefone que compramos há dois anos, americano e de uma marca muito conceituada, simplesmente resolveu não funcionar da semana passada para cá e, hoje, meu marido ligou para um sujeito da assistência técnica que, muito franco e direto, disse-lhe que não via muita possibilidade de restaurar o aparelho e que talvez fosse mais interessante que ele comprasse um novo.
Mas, como meu marido é daqueles que não aceita fácil uma argumentação, resolveu deixar lá na loja do homem o aparelho para uma avaliação detalhada.  Acho que espera que seja substituída alguma pecinha e tenha a agradável notícia de que seu aparelho ressuscitou, mas não estou com muitas esperanças, pois já espero um preço absurdo pelo serviço.

Não sei se com vocês o mesmo está acontecendo, de repente um aparelho novo com pouco uso estraga e tem que ser jogado fora, nada se aproveitando do mesmo ou quando substitui alguma peça é um preço daqueles bem salgados.

Estou vendo que caminhamos a passos largos para esta relação perversa de custo X benefício em que somos obrigados a substituir um aparelho por um novo do que repará-lo, e fico muito intrigada para onde vai tanto lixo eletro eletrônico, já que no Brasil pouco se sabe sobre o que acontece com um aparelho quando ele não tem mais utilidade.

Ninguém, nem mesmo muitos dos respeitáveis recicladores, parece saber o destino desse desperdício, e está claro que muitos nem querem saber.

O que eu sei mesmo é que tudo isso termina nos problemáticos lixões das grandes cidades.

Já imaginaram como será o mundo quando chegar a 10 bilhões de pessoas previstas para 2050?  Será que estaremos enroscados nos fios de tantos aparelhos eletro eletrônicos que usaremos até lá? 
Já observaram quantos aparelhos obsoletos de telefonia, por exemplo, vocês tem em alguma gaveta de suas casas?
E para onde vai tudo isso, já que a terra consome o que é orgânico, mas plástico, fio, vidro, todo esse lixo produzido pelo progresso e que nos livramos dele através de inocentes sacos plásticos, vai pra onde?  O lixo vai para um outro lugar, longe dos nossos olhos, mas não desaparece.  Até quando as montanhas de lixo poderão crescer?

Este é um assunto para se pensar e dialogar, trocar idéias, buscar soluções e esperar, como eu estou agora, que o homem da assistência técnica dê um bom diagnóstico para a vida de meu bonito telefone sem fio com cara de novinho, mas que poderá acabar em mais um fundo de gaveta de um momento para o outro.

Eita mundo moderninho e complicado este!



Atualização:


Hoje, 2 de março, quarta-feira, o rapaz da lojinha me ligou e deu a notícia de que não tinha condições de reparar o telefone lindo, branquinho e novo que eu possuia há apenas dois anos. Para consertar a tal pecinha, precisaria trocar toda uma placa e isso ele não tinha aqui no Brasil. 
Mais um que vai pro fundo da gaveta.










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