Natureza
Para suavizar este final de semana
Chico Buarque - 1968Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caia, toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade morava tão vizinha
Que, de tolo, até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
E a dona dos olhos nem via
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar nunca me vinha
Eu andava pobre, tão pobre de carinho
Que, de tolo, até pensei que fosses minha
Toda a dor da vida me ensinou essa modinha
Chico se mantém informado, acompanha o que está acontecendo. Não tentem pegá-lo, como fez um repórter ao lhe perguntar por sampler.
O sambista transita por outros ritmos, mas não se sente obrigado a embarcar numa canoa só por se tratar de novidade. Adora a juventude, mas nem por isso a corteja - para adaptar outro achado de João Cabral,
Chico nunca pintou os cabelos musicalmente.
Nem musicalmente, nem em sentido literal, benza Deus. Ele ganhou cabelos brancos de "senhor", mas ainda leva jeito de "você". Não está gostando nada de envelhecer, mas aos vinte anos já desconfiava de que isso ia acabar acontecendo. Em 2004, quando fez sessenta, prudentemente sumiu do mapa, adivinhando o vagalhão de comemorações que se ergueria sobre ele. Mas nada de Greta Garbo nesse sumiço; só não acha a menor graça em fazer aniversário, nunca achou, na juventude não comemorava e não haveria de ser agora, quando lhe tocou um número que, além de redondo, é pesado.
O primeiro tranco etário foi lá pelos quarenta e cinco, cinquenta anos, naquela altura da vida em que um homem é pela primeira vez chamado de senhor. É um choque, e, como se sabe, não tem volta. "No começo eu reagia", diz Chico, "não me chama de senhor não", ou dava o troco, chamava de "senhor" também."
Conformou-se, e eventualmente até acha graça. "As pessoas, conta, "chegam e falam coisas terríveis: "Eu não posso morrer sem tirar uma foto com você." Na verdade elas querem dizer: "Eu não posso você morrer sem eu tirar uma foto ..."
Durante a turnê de As Cidades, em 1999, Chico acordou num hotel em Goiânia, pediu o café-da-manhã, ligou a televisão - e ficou sabendo que o show corria o risco de ser cancelado, pois havia um problema sério com a venda dos ingressos. A certa altura, um entrevistado ponderou: "Chico Buarque está com cinquenta e seis anos, está aqui em Goiânia, acho difícil que ele volte, melhor liberar esse show...".
- Isso é maneira de acordar, começar o dia ouvindo uma coisa dessas?
-Excerto do Livro Chico Buarque Tantas Palavras - página 128 - que estou lendo e adorando.
-Imagem - Pinterest-
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