Para brasileiros, a felicidade se associa ao bem-estar
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Para brasileiros, a felicidade se associa ao bem-estar



“Para você, o que é felicidade?” Essa foi uma das perguntas que o Instituto Akatu fez a 800 brasileiros de todas as regiões do país no final de 2012. Os resultados da pesquisa mostram que os entrevistados – independentemente de fatores como classe social ou faixa etária – associam sua felicidade muito mais ao bem-estar físico e emocional e à convivência social do que aos aspectos financeiros e à posse de bens.
Quando questionados sobre o que consideram ser felicidade, dois terços dos entrevistados indicaram que estar saudável e/ou ter sua família saudável é um fator essencial de felicidade. Para 60% do público que respondeu à pesquisa, conviver bem com a família e os amigos também os aproxima mais da felicidade. Apenas três em cada dez brasileiros indicaram a tranquilidade financeira em suas respostas.
“Segundo a nossa pesquisa, para os brasileiros, ir ao encontro da felicidade hoje não é aumentar o consumo, mas trabalhar pela saúde e prover condições para o verdadeiro bem-viver, com suficiência material e tempo para desfrutar a vida em companhia dos amigos e familiares, num ambiente seguro e acolhedor”, analisa Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu.
Desejos sustentáveis
A tendência de valorizar o bem-estar se confirmou quando os entrevistados foram convidados a priorizar seus desejos. O resultado mostra que, coerentemente com sua visão sobre felicidade, os brasileiros são fortemente atraídos pelo caminho da sustentabilidade. Em cinco dos oito temas propostos (afetividade, alimentos, água, mobilidade, durabilidade, energia, resíduos e saúde), os entrevistados preferiram as alternativas mais ligadas ao caminho da sustentabilidade do que as ligadas ao do consumismo.
O tema afetividade destaca-se como o que tem maior diferença entre os que preferem o cenário mais sustentável (passar tempo com as pessoas – com índice de prioridade de 8,3 em uma escala de 0 a 10) ao invés do consumista (comprar presentes – índice de 2,6), o que leva a uma reflexão sobre os hábitos relacionados às compras de presentes de qualquer natureza.
Em seguida, outros três temas (alimento, água e mobilidade) são os que contam com uma preferência bem maior para os cenários do caminho sustentável, com a qualidade de vida (expressa por alimentos saudáveis, uso racional da água e boa mobilidade) sendo bem mais valorizada do que o modo consumista tradicional (expresso por alimentos práticos, uso irresponsável da água e ter carro próprio).
Merecem destaque as escolhas relacionadas à mobilidade: se deslocar pela cidade com rapidez, segurança, conforto e flexibilidade alcançou um índice de 7,9, enquanto ter carro próprio obteve apenas 4,9 em um escala de 0 a 10. Até mesmo para quem não usa um carro próprio em seu cotidiano (82% dos entrevistados), a preferência é fortemente em favor da mobilidade (7,7).
O aspecto específico da durabilidade também mostra uma tendência favorável ao caminho da sustentabilidade, na contramão da obsolescência planejada e da descartabilidade: os respondentes demonstraram um interesse proporcionalmente bem maior por produtos que durem bastante e que possam ser atualizados do que por produtos baratos e substituíveis.
Nos temas energia e resíduos há um virtual empate entre as respostas associadas ao modelo consumista em vigor e as propostas sustentáveis para o mesmo tema. Apenas na questão relacionada à saúde, em que as opções eram ter um bom plano de saúde ou ter um estilo de vida mais saudável, houve prevalência da alternativa mais relacionada ao consumo. “A resposta parece revelar não uma preferência pelo modelo consumista, mas sim uma preocupação com a precariedade do sistema de saúde. E, mais ainda, uma atitude que prioriza a segurança, pois a garantia de assistência médica em caso de necessidade vai ao encontro da primeira prioridade dos brasileiros quando pensam em sua felicidade: ter saúde”, explica Mattar.
Em todas as classes sociais se verifica maior aspiração pelo caminho sustentável do que pelo caminho atual, da sociedade de consumo. Nesta tendência, um exemplo de destaque: quando solicitados para priorizar entre “ter tempo para estar com quem gosta” e “comprar presentes”, os entrevistados de todas as classes sociais mostram preferência bem maior pela primeira opção, a mais sustentável.  “Possivelmente pela carência de acesso a bens e serviços básicos, as classes mais baixas mostram aspiração pelas soluções oferecidas pela sociedade de consumo em alguns tópicos, mas, ainda assim, as opções sustentáveis prevalecem em suas escolhas de longo prazo”, comenta Aron Belinky, coordenador técnico da pesquisa.
Saber que o potencial de adesão ao consumo consciente já se expressa nos desejos dos consumidores indica um descompasso entre o que a sociedade quer o que se oferece a ela. “Quanto tempo mais será necessário para que as empresas e o Poder Público reconheçam essa situação e busquem atender a essas demandas da sociedade, em vez de incentivar um modelo insustentável e esgotado do consumo pelo consumo em si e não como instrumento de bem-estar?”, questiona Mattar. A resposta a essa pergunta determinará o nosso futuro. 
Fonte: Instituto Akatu / Observatório Eco



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