Natureza
Mestre cuca aposentada
Na semana passada, quinta-feira, estive com minha amigona Glorinha. Fui lá em seu apartamento na Urca levar presentinhos e dar um abraço de aniversário nela que já tinha sido na semana anterior, mas que ela não pode comemorar porque estava fora do país. E ela é daquelas pessoas que sabem receber, gosta muitíssimo de cozinhar e qualquer coisinha é um pretexto para fazer um verdadeiro banquete, talvez movida ao sangue libanês que lhe corre nas veias e que aprecia iguarias, misturas e descobertas de novos sabores. Levei a minha mãe comigo e passamos um dia super agradável na companhia da Glorinha e sua filhota Clarissa que regressou de um período de um ano no Porto em Portugal.
O aniversário foi dela, mas quem ganhou presentes foi eu, pois além de ganhar delícias lusitanas como azeite e vinho do Porto, miniatura do bondinho de Lisboa, biscoitinhos de Paris e sabonetes coloridos super cheirosos, fomos recepcionadas com um almoço dos deuses. Além do filé mignon macio, saladas verdes e de legumes, um nhoque que nunca comi na vida de tão leve e gostoso, daqueles que não tem gosto de farinha e parece derreter na boca.
Não preciso dizer que comemos muiiiiiiiito e ainda tinha a sobremesa com cafezinho para arrematar tudo aquilo. Fiquei literalmente apaixonada pelo tal nhoque e aí, coisa que já não faço há tempos, pois não tenho cozinhado com frequência como antigamente, pedi à Glorinha a receita do mesmo e me empolguei toda para fazê-lo neste final de semana para o maridex lá em Petrópolis.
A receita é simples, como todo nhoque, mas o pulo do gato é a batata, pois segundo minha amiga, devemos usar a batata Asterix, aquela da casca cor de rosa, pois é mais enxuta e não precisa colocar muita farinha de trigo para dar a liga e tampouco ovos nem manteiga. O nhoque é só de batata, farinha e sal. Outro detalhe importante que ela me avisou é que a cada vez que tiramos as bolinhas de nhoque da água fervendo, devemos colocá-las num pirex regado a azeite de oliva para não deixar que os mesmos grudem uns nos outros.
E sábado fui toda animada para a cozinha, preparei antes uma super salada verde com variedades de verduras, lindos tomates, mussarela de búfala em bolinhas e pedi ao maridex para comprar no Hortifruti as tais batatas Asterix e mais 1 kg de tomates bem vermelhinhos e maduros para fazer o molho, juntamente com manjericão fresco. Fiz um molho delicioso e com um cheiro de dar água na boca.
Aí preparei um pirex com azeite e depois de cozer as batatas, escorri e pedi ao marido para espremê-las, pois tinha esquecido que não tinha um mixer lá na serra, nem o tal espremedor manual, mas as mesmas estavam macias e tenras, fácil de serem amassadas e ficaram no ponto propício para a mistura da farinha que fui colocando devagar, misturando e acertando o sal, uma pitada de pimenta do reino para dar um gostinho mais acentuado na massa e depois, paramentada como uma grande mestre-cuca, de avental e só faltou aquele chapéu branco pro alto, senti-me retornando aos bons tempos em que fazia diferentes pratos e sobremesas para os finais de semana movimentados com o filho, amigos dele e nós mesmos, curtindo o friozinho da serra.
Fiz tudo como mandava o figurino; espalhei farinha sobre a pedra, amassei e enrolei a massa, cortei-a em pedacinhos quase iguais, como travesseirinhos fofinhos cor de creme e ao mesmo tempo, colocava alguns na panela de água fervente e retirava os que subiam à tona, mais durinhos e prontos. Coloquei-os no pirex e reguei-os sempre com o azeite de oliva. Estava apaixonada com minha criação gastronômica e claro, provei alguns para ver o gosto e posso afirmar que estavam leves como de minha amiga, sem gosto de farinha, somente da batata e eu fiquei toda feliz com minha performance retomada na beira do fogão.
Masssssssssss, quando comecei a colocar a terceira camada dos lindos travesseirinhos cor de creme, sempre regando com o azeite, percebi que os que estavam na primeira camada não estavam muito bem acomodados. Pareciam quando a gente cola a cara num vidro e fica com o nariz esborrachado, sabe cumé! E toco eu a mexer o pirex prá lá e prá cá, tentando fazer os 'bichinhos' se desgrudarem uns dos outros, igualzinho minha amiga Glorinha fez antes de colocá-los na mesa e servir-nos. Nada! Decidiram ficar naquela posição "unidos venceremos" e eu com vontade de colocar tudo na posição "Ctrl+Alt+Del" e dar um stop geral naquilo tudo, mas já era tarde, fui até o final da minha fracassada aventura culinária. A vida real não é como a virtual que a gente pode consertar, photoshopar, refazer ou deletar de vez certas coisas.
Fiquei murchinha, tristinha diante do ocorrido. Gastei meu tempo e minha energia e não obtive o sucesso nesta empreitada, porém fui compensada com a gulodice que o maridex demonstrou à mesa, comendo e tri-repetindo o nhoque (ou purê) com o molho e a saladona. Disse ele que, mesmo não tendo ficado soltinho, estava delicioso e o gostinho do azeite português entranhado nele deixou-o mais saboroso ainda. É um marido cúmplice até nisso, nos meus erros ou acertos, então o que eu quero mais, né!
Contei pra Glorinha meu insucesso e ela me alentou, dizendo que com ela aconteceu o mesmo nas primeiras vezes e que tem que ir experimentando, sentindo a firmeza e aos poucos acertando o ponto dos nhoques. Ela simplesmente, ama o que faz, cozinha com prazer e não vê isso de uma forma complicada nem cansativa, pelo contrário, sente-se integrada neste movimento e, talvez por isso, tudo fica tão delicioso e certinho.
Tá, tudo bem, mas perguntem-me se pretendo retornar à beira do fogão tão cedo para outra aventura culinária? Nem morrrrrrta! Perdi a mão, não tem jeito mais!
Sabem, em São Paulo tem a Famiglia Mancini que amo de paixão e sempre vamos lá quando estamos naquela cidade e aqui no Rio temos o La Molle que fica pertinho aqui no bairro onde moro. Em Petrópolis tem o Massas Luigi que é ponto obrigatório nas minhas idas do final de semana e, melhor do que tudo isso, saber que se eu ligar para minha amiga de longas datas, Glorinha, ela me prepara a qualquer hora este prato maravilhoso que só ela mesma sabe fazer na medida certa e ainda posso desfrutar da beleza de cenário que seu apartamento tem, com o Pão de Açúcar e o bondinho subindo e descendo e a Marina da Glória cheia de barquinhos pequenos e branquinhos. Pena que esqueci de carregar a bateria da máquina e lá chegando só deu para fazer estas fotos abaixo das comidinhas gostosas que ela fez!
(Nhoque, Salada Verde, Filé Mignon acebolado, Couve Flor)
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