Decisões na vida
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Decisões na vida


Quando eu vim morar aqui em Niterói, saí de uma casa grande com jardim, canil e uma grande área onde meus cachorros podiam viver livremente desde que foram comprados bem pequeninos.

O macho da raça, morreu há 2 dois anos e ficou a femêa que sempre falo aqui prá vocês - minha querida cadela Emmy - Emmyzinha como é chamada por nós e pelos amigos. O diminutivo não confere com o tamanho, mas sim com a docilidade, haja vista que foi criada com todo o carinho e respeito que um animal necessita para o bom convívio social, assim ela é muito meiguinha e adora gente.
Só não gosta de outros bichos, pensa que é gente a folgada!

Mas, quando vim morar aqui no apartamento, onde muita gente tem seus cachorrinhos de estimação ou outros pets e costumam deixar dentro de casa ou nas varandas, eu não podia imaginar minha Emmy assim morando conosco. Se já foi meio difícil para nós sairmos de um grande espaço mas, com todo o conforto que temos e adaptação pensando no melhor que se pode escolher para uma vida em condomínio, não se pode esperar isto em bichos, principalmente quando estão inseridos no contexto natureza como é a espécie canina. Eles sentem falta dos cheiros, das marcas, do chão com terra e grama, da chuva que ela tanto gosta para se refrescar, mesmo quando fazia temperaturas baixíssimas lá na montanha.
Conversamos muito sobre o que iríamos fazer para não tirá-la desse habitat sagrado, pois se eu fosse colocar minha paixão e possessão em primeiro lugar como muita gente faz, às vezes até pensando que o animal vai sofrer com a distância de nós, fatalmente ela não iria aguentar esta mudança radical. Tinha gente que me dizia, não saber como eu tinha coragem de lá deixá-la, tadinha! Mas, como iria colocar um animal grande, peludo, de clima frio, numa varanda de apartamento? E como fazer para seguir o ritmo que nossas vidas estava indicando?! Eu vinha com o marido ou ficava lá com a cachorra?

Mas, eu não a deixei sozinha, pois todos os dias tem um senhor que é pago regiamente e adora bichos e vai lá pela manhã e à noitinha botar água, comida e acender as luzes. Ainda fica por lá um pouco brincando com ela e leva de vez em quando até pãozinho, mimo este que ela adora.

Nos primeiros meses, percebi que ela ficou meio tristinha, mas quando a gente chegava nos finais de semana, vinha correndo e as atenções eram redobradas com brincadeiras e afagos.

Hoje ela está super bem e parece até que entendeu o processo pelo qual todos nós passamos quando de uma mudança. Durante todo este ano ela não teve doença nenhuma e é muito forte e sadia. Acho que até mais, devido a não ter contato diário com desinfetantes ou outros produtos químicos. Ela continuou em seu lugar predileto e se adaptou à nossa ausência. Nunca nenhum vizinho reclamou de choradeiras ou latidos estranhos.

Vejo que nossa decisão foi acertada, pois de que adianta ter um bicho por perto, somente para satisfazer nossos caprichos como é o caso deste pobre animal mantido em uma varanda de 12m2, sujeito às variações climáticas e sem atenção do dono o dia inteiro?! Ainda bem que a justiça atuou neste caso e deu ganho de posse à vizinha que filmou e denunciou o abuso.

Tem vezes na vida que a gente tem que tomar decisões pela razão e não pelo coração e foi este o nosso caso.





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