A última chibatada.
Natureza

A última chibatada.




O post da amiga Calu de hoje (vejam aqui) ajudou a tirar o meu do rascunho, pois o tema lá exposto, a música e as lembranças da mesma, veio ao encontro do que quero aqui apresentar a vocês.

Há dias eu queria falar sobre este tema, mas não sabia como começar, não queria falar o mesmo que já vi por aí pela rede, dando um cunho puramente histórico sobre um homem e o fato. Queria falar também sob a perspectiva da importância que muitas vezes, uma simples pessoa em sua simples vida, pode gerar um movimento enorme, abalando a  estrutura social e comportamental de um tempo, influenciando mudanças radicais e mais justas para o futuro.

Este é João Cândido Felisberto, também conhecido como "Almirante negro". Um herói pouco conhecido, que morreu na miséria e no esquecimento. Sua história foi um marco na Marinha Brasileira, pois os costumes da escravidão, os castigos e as chibatadas sobre os negros, ainda eram sentidos e praticados nos idos de 1889, quando o Brasil já era uma república, mas com resquícios preconceituosos sobre os marinheiros que, na sua maioria, eram negros e executavam trabalhos pesados nos navios da marinha nacional.
A Marinha funcionava como espécie de escola corretiva. E a correção da indisciplina dos marujos era feita por meio do corte da porção de alimento, prisão na solitária, castigo com a chibata, corte no salário, entre outras penalidades. Os oficiais ignoravam o decreto e aplicavam a pena em todos os seus domínios, isto é, em todos os navios da Marinha de Guerra brasileira 
fonte

Aconteceu, então, o estopim para uma grande revolta. No dia 21 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes recebeu a notícia: seria açoitado com 25 chibatadas. E o ritual teve início no convés do Minas Gerais, com a toda a tripulação de pano de fundo. Apesar dos apelos, as chibatadas não pararam no número 25, continuaram e continuaram. Menezes desmaiou. O açoite, no entanto, prosseguiu. Foram 250 chibatadas. Ao fim do tormento, o marinheiro foi “embrulhado” em suas vestes e levado para a enfermaria. A conspiração estava pronta. O comitê geral de marinheiros decidiu pelo sinal: a chamada da corneta. Na noite do dia 22 de novembro, a cidade do Rio de Janeiro, capital da República, estava na mira dos canhões, incluindo-se o Palácio do Catete, sede do governo.  E o líder desta revolta era ele, João Cândido, o comandante dos amotinados, e mensagens foram enviadas ao Palácio que diziam: "Não queremos a volta da chibata. Isso pedimos ao presidente da República, ao ministro da Marinha. Queremos resposta já e já. Caso não tenhamos, bombardearemos cidade e navios que não se revoltarem."


O movimento foi chamado A Revolta da Chibata e assim marcou a história deste ato de bravura, sangue e mortes, Você poderá conferir por aqui, mas o que eu quero mesmo é falar da música que talvez vocês não saibam, que quando foi feita, era justamente para homenagear este bravo marinheiro que ajudou a mudar a situação dentro dos navios brasileiros.

João Bosco e Aldir Blanc fizeram em 1970, o samba "O Mestre-Sala dos Mares" imortalizando João Cândido e a Revolta da Chibata.

O monumento a João Cândido está lá na Praça XV no centro do Rio, próximo ao cais da Baía de Guanabara, onde ficará para sempre "nas pedras pisadas do cais" a mensagem de coragem e liberdade do Almirante Negro e seus companheiros.

E pra quem não lembra da letra pode cantarolar junto com a Elis:

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que, a exemplo do feiticeiro, gritava então

Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias

Glória à farofa
à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais

Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo








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