A relativa beleza das coisas-Little Bee
Natureza

A relativa beleza das coisas-Little Bee


Fotos by 52 Flea

Sim, eu gosto do belo, de admirar a beleza das coisas e da vida, mas nem sempre podemos ficar só neste mundo da beleza e do que gostamos, temos que sair da nossa zona de conforto.  Às vezes a realidade cruel entra em nossas casas, senta e come em nossas mesas e conta-nos coisas que estão muito distantes do nosso dia a dia, e aí, as pessoas, mesmo as desconhecidas, podem mudar completamente as nossas vidas.
 E não se trata de ser 'boazinha', mas se você tem um mínimo de decência e compaixão pelo humano, não pode fechar os olhos e tapar os ouvidos, acaba se envolvendo, dando um parecer, tentando ajudar, mostrando e clareando caminhos ou, quando necessário, uma ajuda financeira até, mas o fato é que o mundo de hoje é de um jeito que quando você menos espera se vê entrelaçado à pessoas e suas dores, cada uma  lutando contra seu próprio inferno pessoal, totalmente diferentes na essência, mas unidas pela fatalidade.


No aeroporto de São Paulo, ansiosa para ler um livro novo, já que tinha acabado por aqueles dias com uma linda estória sobre uma costureira e seus envolvimentos com a resistência inglesa  na época da segunda guerra, busquei então algo na livraria do aeroporto que não fosse pesado, para não ficar levando peso além da mala de mulher que, não sei porquê, é sempre mais pesada que a do homem.  Infelizmente, nossos livros editados aqui no Brasil ainda são pesados, usam matéria prima cara, capas lindas, mas papel muito denso e de peso absurdo, totalmente diferente dos livros que vemos no exterior, muitas vezes grossos, com centenas de páginas, mas levíssimos e fáceis de carregar até com dois dedos. Nesta minha busca por algo leve e interessante, dei de cara com um livro que já tinha ouvido falar, mas não sabia direito o conteúdo, entretanto gostei da capa e do peso principalmente. Acompanhou-me na leitura durante os vôos que me enchem de medo e acabei entrando na estória tão profundamente que até esqueci que estava voando a milhares de pés do chão.


A fatalidade une as pessoas sem querer, sem enviar aviso e as vidas acabam se chocando num dia fatídico.  
É assim que começa a descrição da contra-capa deste livro que me chamou atenção e me fez ficar curiosa em lê-lo: Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa… Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como essa narrativa se desenrola."


Eu confesso que não sou muito fã de livros com estórias pesadas, dramáticas, mas a fluidez de escrita deste talentoso escritor inglês e o modo como nos mostra essa pungente e incrível estória, algumas vezes narrada por Sarah, outras pela própria Abelhinha, envolve o leitor completamente.  Em certos momentos conseguimos sentir a dor desses personagens, ficando tão real que esquecemos que é uma obra de ficção.
Porém, o mais importante é a reflexão que ele nos leva a fazer, pois sua linguagem atual, assim como o mundo contemporâneo ali detalhado, o contraste das vidas das duas mulheres, a questão da etnia, o terror das guerras pelo petróleo que atingem povos africanos, dizimando-os, forçando-os à imigração ilegal,  ao convívio com um mundo novo e ultra moderno, chocante na constatação ao que a globalização influencia nos atos humanos e nas vidas desperdiçadas em mortes inexplicáveis ou misturadas ao conforto, riqueza, bons trabalhos e vidas fartas do mundo ocidental.


Força, coragem e, no fundo, a beleza na superação de tudo, uma obra de arte que realmente impressiona, fica em nosso pensamento quando fechamos a última página, levando-nos a repensar se nossas vidas são mesmo tão difíceis como imaginamos.


“Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser o nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: ‘Eu sobrevivi."
-Chris Cleave-








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