A conspiração das mulheres
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A conspiração das mulheres




Uma das melhores coisas que fiz para mim mesma, foi aprender a dirigir.  Há muito tempo eu tirei minha primeira carteira de habilitação e lembro-me do prazer imenso que foi a primeira vez que me enfiei no carro e fui onde eu queria, voltei com compras, estacionei na garagem do prédio e, bastante emocionada com minha façanha de autosuficiência, não via a hora de chegar a próxima vez de pegar o carrinho e sair por aí, ouvindo música e me sentindo completamente livre e sem precisar da ajuda de ninguém. É bem verdade que o tal carrinho, um fusca branco, porque quase todo mundo da minha geração começou com um fusca na vida, mas o pobrezinho vivia amassado naquelas abas laterais na bendita garagem do prédio em que morava, assim eu consertava e amassava, entretanto utilizei por muitos anos aquele valente carrinho e usava para trabalho, supermercado, levar e pegar filho na escola, pegar a mãe na rodoviária e tantas outras atividades.

Dirigir foi uma das grandes conquistas que nós mulheres conseguimos e, embora ainda haja preconceitos quanto à nossa destreza, em quase todo o mundo vemos mulheres atrás de volantes e alguns até bem pesados, como ônibus ou caminhões e dirigem até melhor do que muitos homens, são mais cuidadosas e menos competitivas no trânsito.
Assim, enfrentando mitos e preconceitos, desde o final do século XIX, quando iniciou-se pela Europa e depois os Estados Unidos, as mulheres ganharam liberdade com esta conquista.

Mas, já imaginou morar num país onde mulheres não têm permissão para dirigir?

O único país do mundo que ainda existe esta restrição é a mais que fechada, a impenetrável, a incógnita, Arábia Saudita.  Apesar de décadas de esforço dos ativistas neste sentido, a lei continua severa para as mesmas e homens que afirmam serem agentes de segurança do rei, utilizam mensagens bem claras em celulares: "Oh, mulheres do reino, não fiquem atrás de volantes!"

O fato é que em tempos de globalização e de grande poder das mídias sociais, algumas dezenas de mulheres neste último sábado, violaram um dos códigos sociais mais difíceis na sociedade saudita firmemente conservadora, entrando em seus carros e dirigindo, algumas até postando fotos ou vídeos de si mesmas.
(Imagem nytimes.com)

Quando se trata de direitos das mulheres, a Arábia Saudita continua a ser um dos países mais restritivos do mundo, alguns políticos e conservadores sociais temem que a ocidentalização ou qualquer coisa que pareça com isto, vá prejudicar o caráter islâmico do reino, mas em contraste com tudo isso, são riquíssimos e têm shoppings com lojas altamente sofisticadas e até mesmo lojas de fast-food por todo o país.
Teve até comentário de um alto clérigo do reino que descrevia a campanha como: "Um grande perigo!" que levaria a casamentos arruinados, a baixa taxa de natalidade, a propagação de adultério,mais acidentes de carros e gastos de quantidades excessivas de produtos de beleza."  Alôôôô!!!

Vou continuar daqui torcendo por estas mulheres sauditas, ativistas e corajosas que através da mídia social, onde levantaram a questão e explodiram centenas de comentários e argumentos, demonstraram mais uma vez que a utilização dessas redes para fins de luta e chamamentos sociais, são verdadeiramente um sucesso.


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"Não importa a cultura pela qual a mulher seja influenciada, ela compreende as palavras mulher e selvagem intuitivamente.
Quando as mulheres ouvem essas palavras, uma lembrança muito antiga é acionada, voltando a ter vida. Trata-se da lembrança do nosso parentesco absoluto, inegável e irrevogável com o feminino selvagem, um relacionamento que pode ter se tornado espectral pela negligência, que pode ter sido soterrado pelo excesso de domesticação, proscrito pela cultura que nos cerca ou simplesmente não ser mais compreendido. Podemos ter-nos esquecido do seu nome, podemos não atender quando ela chama o nosso; mas na nossa medula nós a conhecemos e sentimos sua falta. Sabemos que ela nos pertence; bem como nós a ela."


(Trecho do livro Mulheres que correm com os lobos de Clarissa Pinkola Estés)

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-Fonte-









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