Natureza
"Nóis é pobre, mas é limpinho!"
Em 1808 quando a família imperial aqui desembarcou, encontraram a beleza natural da Baía de Guanabara e suas praias, mas também o cheiro fétido que exalava dos mesmos, já que todos os dejetos e esgotos eram lançados in natura ali mesmo e era sentido até em São Cristóvão onde a família imperial se aboletou.
No livro 1808 A vinda da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro encontra-se a seguinte frase: "Quanto à higiene pessoal, o inglês Henry Koster reparou na cuidadosa limpeza com o próprio corpo que os brasileiros de toda classe tem. " E tem sido assim os hábitos da maioria dos brasileiros desde a época da criação da sociedade brasileira na Côrte do Rio de Janeiro. Hábitos esses enraizados na memória genética que trouxemos dos índios.
Apesar de naquele tempo não existir banheiros como os que estamos acostumados hoje em dia, práticos e com água à vontade. Até mesmo a família real sofria um pouco para um banho semanal como estavam acostumados e isso pode ser constatado em Petrópolis num bairro chamado Duchas que era onde ficavam as 'casas de banhos' que D.Pedro e sua família utilizavam. Saiam do Palácio Imperial e, de carruagem, iam até este local que era abastecido com água direta de fontes e aquecidas e preparadas em grandes tonéis por seus escravos. Somente as 'cadeiras sanitárias' ou 'penicos' é que tinham no Palácio, não haviam banheiros instalados nas residências, era algo assim, bizarro, melhor dizendo. Podem conferir numa visitinha ao Museu Imperial de Petrópolis. E na cidade do Rio de Janeiro, as limpezas diárias eram feitas por escravos e bacias com água nos próprios aposentos do imperador e família. Estas águas por sua vez, jogadas pelas janelas nas ruas pelos escravos. Irccc! Por essa razão a cidade fedia... e muito.
Já imaginaram, um cara vestido com esta indumentária toda neste país tropical que até sem roupa ninguém aguenta! E ainda por cima tomar tão poucos banhos. Segundo relatos históricos era apenas 1 por semana. Uia!
E as damas com estes modelitos?
Acontece que tem gente em alguns países que ainda acha um absurdo tomar pelo menos um banhozinho diário. Meu marido mesmo, pode constatar esse estranho hábito quando, mais jovem, fez um homestay no Canadá e a família que o recebeu, muito simpática no início, mas quando perceberam que ele subia e ia direto para o banho, depois de um dia inteiro na rua, a mulher fazia cara feia como que achando um absurdo ele tomar todo dia banho. Com o passar dos dias, ele percebeu que a família toda não era lá muito "chegada" num banho. A mulher, certa feita perguntou-lhe porque tomava tantos banhos? Ele teve vontade de reponder a ela aquele famoso jargão inventado por um humorista: "Nóis é pobre, mas é limpinho!"
Ainda há pouco, lendo o blog da Rosana Hermann deparei-me com este trecho de um documentário chamado "O mundo invisível" onde mostra que, por mais que a gente tome banho e ache que está limpo, há um universo de criaturas vivendo em nosso corpo. Na verdade, o título diz que "existem tantas criaturas em seu corpo quanto existem pessoas na Terra".
É de arrepiar!
Vejam aqui!
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