Antes acusadas de provocar estragos ambientais de dimensões catastróficas, empresas construtoras e operadoras de usinas hidrelétricas brasileiras mudaram a atitude e hoje se preocupam com o impacto no ecossistema, investindo milhões para reduzir ao máximo os danos à natureza. Tal atitude fez do ‘Programa de Recuperação Florestal e Compensação de CO2’, da construtora Camargo Corrêa em parceria com Furnas Centrais Elétricas S.A., o único projeto nacional selecionado para o Congresso Mundial de Grandes Barragens — Hidro 2009, entre 26 e 28 deste mês em Lyon, França.
O programa é desenvolvido nas hidrelétricas de Foz do Chapecó (SC), Serra do Facão (GO) e Batalha (GO). Até o fim do ano, será levado também a Jirau (RO), usina na área de maior abrangência do bioma (conjunto de ecossistemas) Amazônia, detentor da mais variada biodiversidade.
A proposta combina ações de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social. “Para uma ideia da importância do projeto, Batalha é a única obra no País a conquistar quatro certificações: ISO 9001 (Qualidade); 14001 (Meio Ambiente); 16001 (Responsabilidade Social) e a OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series) de Segurança e Saúde no Trabalho”, ressalta Miller Soares Rufino Pereira, gerente-geral de construção da Camargo Corrêa.
Às margens do Rio São Marcos, em Cristalina, divisa de Goiás e Minas Gerais, e a três horas de Brasília (DF), Batalha, implantada no Cerrado, terá potência de 52,5 MW — energia para cidade com 130 mil habitantes. O cenário é de filme, o investimento, à altura: R$ 740 milhões englobam também 23 programas socioambientais voltados a minimizar impactos na natureza. Alívio para quem visita o local antes de as águas o tomarem.
Ao passo em que a região for inundada, patrulha sistemática irá resgatar espécies da fauna — entre elas répteis, pássaros, roedores, felinos —, e exemplares da vida aquática. Ações incluem recomposição da vegetação, recuperação de áreas degradadas antes da obra — mudas são cultivadas em viveiros nas reservas locais — além de preservação do patrimônio arquitetônico e educação ambiental. “A educação baseada no meio ambiente é um trabalho levado a todas as obras de Furnas. É um projeto de participação social. A proposta é transformar pessoas das comunidades em agentes e parceiros”, explica Luiz Fernando do Monte Pinho, superintendente de Gestão Ambiental de Furnas.
Fonte: O Dia