Natureza
Sob a Pasárgada de Bandeira
Christian Schloe
Num dia 13 de outubro morria o grande poeta Manuel Bandeira, e 28 anos depois sua poesia parnasiana ainda é reverenciada por muitos como eu, que gosta de ler à noite para relaxar.
Então, peguei um dos seus livros mais celebrados e folheei, percebi que ele era bastante melancólico, talvez por conta da sua doença desenganada pela medicina, a tuberculose, algo mortal naquela época. Os traços de melancolia em suas poesias eram nitidamente notados, algo como um certo escapismo ou fuga para a realidade em que estava mergulhado.
"Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive ..."
E foi então que notei que ando meio assim, nostálgica, sentindo um estranhamento diante da vida, um medo de que tudo que aprendi e que achava que era certo, pode ser agora exatamente o contrário, que eu esteja com ideias e ideais ultrapassados, pois de tanto ouvir falar e ler diferentes discursos, chego a pensar que eu possa estar redondamente enganada. Ou, não, sei lá!
"– Não quero mais saber
[do lirismo que não é libertação. "Manuel Bandeira morreu em 1986, mas não de tuberculose, pois se tratara na Suiça, e sim de problemas gástricos. Aos 82 anos, o poeta despediu-se da vida e foi para sua Pasárgada eterna, viveu muito mais do que esperara, viu e participou de mudanças significativas do século XX.
E, assim, pensando na possibilidade de muita vida ainda pela frente, me ocorreu que é tudo besteira, as coisas passam, posso ficar melancólica hoje, mas amanhã eu reajo, porque sei que é assim que devemos nos comportar diante das adversidades. E o poeta me responde nas entrelinhas de sua poesia eterna:
"Uns tomam éter, outros cocaína. Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria."
Mas para que tanto sofrimento,
se nos céus há o lento
deslizar da noite.
Mas para que tanto sofrimento,
se lá fora o vento
é um canto da noite?
Mas para que tanto sofrimento,
se agora, ao relento.
cheira a flor da noite.
Mas para que tanto sofrimento,
se meu pensamento
é livre na noite?
Manuel Bandeira
— Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
Manuel Bandeira
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