Sem medo do futuro, abrindo a mente para coisas novas.
Natureza

Sem medo do futuro, abrindo a mente para coisas novas.



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Ainda seguindo o tema do post anterior, refletindo sobre conceito de progresso e estilo de vida que desejamos ou que estamos sendo empurrados para aceitação ou não, percebemos claramente que o futuro já bate às nossas portas e está apressado. Então, o negócio é começar a evoluir nossos pensamentos, alargando a mente, quebrando e construindo paradigmas e até certos dogmas, e seguindo em frente, afinal o avanço da tecnologia é inexorável e não vai parar neste ou nos próximos séculos, pois, quase sempre, ela, a tecnologia, pode nos beneficiar de alguma forma.

O fantástico texto abaixo, do arquiteto e urbanista Washington Fajardo em O Globo de sábado passado, expressa toda esta questão e reflexão aos novos tempos.



A cidade da informação

A Uber, maior empresa de táxi executivo do mundo, não possui nenhum carro. A Airbnb, maior empresa de hotelaria do mundo, não é dona de nenhum quarto. É possível ler variações dessa afirmação nas redes sociais, que retrata o espanto com o crescimento exponencial de novas formas de comércio e de interação entre pessoas. Orkut era apenas um dinossauro mal- acabado em comparação com as novas possibilidades que surgem.
As novas espécies mutantes têm causado muito incômodo onde desenvolvem-se. Redes hoteleiras "tradicionais” reclamam, cidades tentam taxar os "quartos compartilhados”. Qual a função do zoneamento urbano quando qualquer apartamento pode ser alugado por temporada? Motoristas de táxi manifestam-se em Paris e São Paulo. As reações trazem à tona um certo tipo de novo ludismo, movimento de trabalhadores, originado na Inglaterra, no início do século XIX, liderados por Ned Ludd, que preconizava a destruição de máquinas de tear, tentando frear o avanço da mecanização.
Bem, perderam os ludistas. O avanço tecnológico é inexorável. Destrói realidades mas cria outras. Há entretanto um grande desafio para legisladores, uma vez que é necessário regular essas novas formas econômicas.
Mas nada conseguirá interromper os processos intensos e eficientes de trocas e utilização de recursos escassos, que a tecnologia associada ao território urbano vêm permitindo há muito tempo na história. Os adventos tecnológicos retroalimentam a geração concomitante de superávit privado e bem público. Um não pode existir sem o outro nas cidades, e é do equilíbrio dinâmico entre essas forcas econômicas que valores essenciais são estabelecidos: liberdade e confiança. Cidades precisam oferecer liberdade e confiança para que possamos ter felicidade.
O recente anúncio de criação de uma nova empresa pela Google aponta para cenários futuros interessantes. A Sidewalk Labs (que nome feliz! — "Calçada Labs”) será uma empresa de soluções e planejamento urbano na era da informação. Rapidamente, anunciou a aquisição e fusão de outras empresas para começar a oferecer internet ultra rápida gratuita em cidades.
Se causam tanta aflição as inovações que surgem, com compartilhamento de bens e serviços, o que acontecerá quando estivermos todos conectados o tempo todo, a tudo e a todos, e às cidades e seus dados? A informação avança rapidamente para consolidar-se como uma nova infraestrutura urbana, tal como água, esgoto ou eletricidade, e quando essa camada sedimentar-se, a ponto de ficar amalgamada ao território urbano, teremos múltiplas e vastas possibilidades de criação de riquezas privadas e públicas.
Ao longo da história das cidades, aprendemos a manipular e organizar recursos naturais com eficiência. Organizamos a terra, a construção, os recursos hídricos. Distribuímos água e eliminamos os dejetos. E isso é, até hoje, medida basal de dignidade, para vergonha de muitas cidades brasileiras e dos nossos políticos. Um dia, entre o final do século XIX e o XX, conseguimos implementar a eletricidade. Distribuí-la, entretanto, foi outro desafio, só vencido através da concessão do serviço de distribuição a empresas que construíssem a infraestrutura necessária, de modo que os benefícios da iluminação cobrissem não apenas o território urbano existente mas que também possibilitasse sua expansão, e a melhor distribuição do bem público. O Brasil foi um dos primeiros países a adotar a iluminação pública gerada por eletricidade, tamanha era nossa confiança na ideia de metrópole e de cultura urbana no final do século XIX.
Conseguiríamos na atual conjuntura brasileira apoiar adventos tecnológicos, convertendo-nos em senhores do processo em vez de vítimas? Criadores em vez de criaturas? Não parece ser possível, com direita popular e esquerda reacionária. Público e privado devem ser fortes na cidade. Mas a tecnologia virá.
A cidade da informação, ao conjugar acesso e dados, poderá resolver aspectos que são hoje esfinge. Transporte público na nuvem: carros menores, elétricos, públicos, sem motoristas, serão um serviço, e cuidarão, randomicamente, de transportar pessoas de modo mais eficiente que grandes sistemas troncas e racionais. Net-cartórios: seu gadget conterá sua biometria e será a confirmação de que você é você, atestando atos e documentos. Mapas totais: saberemos, rua a rua, casa a casa, dados fundiários, dados de engenharia, como um prontuário absoluto de todos os edifícios. E muito mais.
Sim, será estranho e assustador, como foi um dia ouvir um fonograma, ou assistir a uma sessão de cinema, fugindo desesperado do trem, na tela, parecendo vir para cima de nós. A informação quer ser livre, e virá pra cima de nós e de nossos medos.

Washington Fajardo é arquiteto e urbanista











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