Natureza
Mas, e os animais?
"Que tudo quanto tenha vida seja livre de sofrimento. (Buda)"
(Corbis Image)
A carta abaixo foi escrita por D. Luiza Pinheiro, escritora, 48 anos, apaixonada por cães e moradora de Teresópolis, no bairro Imbuí, enviada a seus amigos e conhecidos, escrita no sábado, dia 14 e precisamos replicar sua mensagem pungente de quem está lá, vendo de perto e com os olhos aterrorizados diante da catástrofe que se abateu sobre tão linda cidade. Na esperança de que tudo isso passe loge e se ajeite da melhor forma possível. Leia com carinho.
"Todos os cães e eu estamos bem. Estamos sem luz, sem telefone, internet, sem água (que foi cortada pelo risco de contaminação pelos corpos dentro dos rios), poupando bateria de celular. Entre minha casa e a primeira curva havia sete barreiras e deslizamentos. Mas hoje a estrada já foi liberada para moradores e consegui fazer chegar a ração que havia faltado.
Todos os moradores do meu condomínio deixaram suas casas a pé. A água subiu a uns 2 metros para dentro do condomínio e duas casas que ficavam mais baixas, perto do rio, foram varridas com perda de tudo dentro. Uma outra está inteiramente rachada. Eu fiquei aqui 'com os ratinhos do navio'.
Minha casa não tem mais cercas pela ação da água e os cães estão presos em um local menor e não entendendo o porquê de não serem soltos. De hoje para amanhã, as coisas devem melhorar perto de mim, talvez com luz e, daí, com celular.
Vim até uma lan house para escrever a todos os que foram maravilhosamente incríveis procurando notícias e oferecendo ajuda. A primeira melhor ajuda que cada um poderá dar é adotar os cães das protetoras de Teresópolis, para que possamos abrir espaço para os que teremos que resgatar. Nem todas as protetoras do estado dariam conta do sofrimento que sei que não vou conseguir descrever para vocês.
A segunda ajuda será certamente financeira, porque estes cães estão paralíticos, fraturados, sendo comidos por bicheiras dos ferimentos e começando a ser apedrejados pela população com medo de doenças ao vê-los em estado desesperador e começando a se atacar uns aos outros por fome.
Eles vagam pelas ruas em desamparo sem socorro. Sinto tanto por estar fornecendo o número da minha conta, e nem tenho ideia do aporte financeiro que será necessário. Tomara que eu consiga organização suficiente para prestar contas do que foi doado e gasto, mas a esta altura muitas das protetoras agirão sozinhas, muitas estão isoladas e não teremos ajuda para dar conta de cães e contas.
A cidade se parece com o Haiti pós-terremoto. Nas regiões mais afetadas o cheiro está insuportável. Os corpos chegam em caminhões baú, 60, 80 de uma vez. Ou então levados pelos moradores que ainda têm carro, em pickups, caminhonetes, Fuscas. Não se conseguiu ainda fazer uma contagem oficial — os mortos que foram computados são apenas os que foram reconhecidos.
Pessoas passam boiando pelos rios. Pelas ruas, os corpos estão amontoados, ou sob escombros que máquina nenhuma conseguirá retirar. Começam-se a encontrar pés, braços.
Os animais ficaram para trás em casas trancadas, sem comida ou água, ou no alto das ribanceiras despencadas, andando de um lado para outro em desespero, sem conseguir descer.
Os poucos moradores que deixam suas casas arrastando animais desesperados chegam no local onde são recolhidos pela Defesa Civil para descobrir que não poderão levar seus animais para os abrigos. São então abandonados às dezenas neste local.
Tem chovido intermitentemente, mas não forte, mas as próximas previsões são assustadoras. Os bairros onde sobraram casas em pé serão totalmente evacuados por conta do risco de rompimento da barragem do rio mais afetado. Mais animais estarão sem socorro de qualquer espécie. Não tenho ideia de como será possível para cada um de nós andar pelas ruas sem poder socorrer a todos.
Ao lado de minha casa fica um sítio por onde as pessoas cruzavam o rio para chegar ao outro lado do asfalto, fugindo da catástrofe. Era como um êxodo de guerra. Helicópteros de todas as cores cruzando os céus às dezenas, sirenes a noite inteira, levas de pessoas, sempre em silêncio absoluto, adultos carregando suas crianças e seus bebês, homens vergados sob o peso do que era possível carregar nas costas. Todos de cenhos franzidos, idosos em passos arrastados, todos com estórias para contar de terrores inimagináveis.
Doem, por favor doem. Qualquer coisa, ou de tudo um pouco.
Faltam, além de todo o básico óbvio na cidade, velas, fósforos, pilhas de todos os tamanhos, lanternas, pasta de dente, fraldas, absorventes femininos e medicamentos. A prefeitura se mobilizou e comprou todo o estoque das farmácias, que, mesmo assim não dá conta, então faltam medicamentos para as equipes de resgate e para os moradores.
Roupas já nem são tão necessárias, nem cobertores, mas lençóis, fronhas e travesseiros sim.
Mas o mais necessário é água, muita água, muita água, muita água. Nas casas cujas caixas d'água ainda retêm alguma água, ela tem que ser fervida para diminuir o risco de doenças. Já existem casos de leptospirose e de tétano, e o número vai aumentar exponencialmente nos próximos dias. A população de ratos nem se esconde mais nestes locais mais atingidos, eles já fazem parte do cenário de caos.
Nos abrigos improvisados para os animais, além de ração e medicamentos, pede-se papelão para eles deitarem, potes de sorvete para servir de tigela de ração e água, muito jornal, e correntes, porque é a única forma de mantê-los todos juntos sem que briguem.
As pessoas que se dirigiram espontaneamente aos abrigos da prefeitura e que foram acompanhadas em suas caminhadas de dezenas de quilômetros por seus fiéis animais de estimação tiveram que deixá-los na porta. O centro da cidade está coalhado de cães desnorteados, cruzando as avenidas que, durante o dia têm o trânsito quase parado de tão lento. O perigo maior para eles é à noite, quando vários são atropelados, andando sem saber para onde estão indo.
A cidade hoje está sendo saqueada, pedestres estão apanhando nas ruas. Acho que perto de minha casa estarei em segurança, mas em minha primeira saída de casa já encontrei um cão que se arrastava na estrada e uma mãe e uma filhotinha que conseguiram não se separar em meio à tragédia. Vamos mendigando lares temporários para eles, mas os corações já estão ocupados ajudando os humanos.
Em minha casa, lotada de animais e com menos espaço, a lama contaminada já provocou seu efeito em diarreias e verminoses em meus cães antes saudáveis. Nos perguntamos como os desnutridos passarão por todas as provações. Caminho pela cidade com mochila nas costas lotada com mais de 5 kg de ração atualmente, tentando aliviar o sofrimento de todos os que não posso ajudar.
O outro lado desta estória é o trabalho incansável e incessante das equipes de todas as procedências, trabalhando madrugadas adentro sem cessar, no breu, na chuva, no risco, nos deslizamentos. São os que liberam estradas, recolocam postes, levam e buscam moradores, doações, resgatam, tratam, socorrem. Nem tem mais cara de trabalho, mas de uma missão em que ninguém para de trabalhar enquanto não estiver concluída. Há também repórteres chorando em frente às câmeras por não suportar a visão do que é indescritível.
Vou tentando dar notícias nos próximos dias. O céu está bem carregado hoje.
Minha conta vai abaixo, mesmo que eu não tenha acesso a banco atualmente. Já ficam aqui meus agradecimentos, porque não sei se conseguirei retornar a cada um de vocês individualmente para agradecer devidamente: Bradesco, agência 2801, conta 5177-2
Meu beijo a vocês, meu obrigada pelo que já fizeram, minha emoção pelo que ainda vão fazer.
Luiza ”
A devastação é praticamente total. Os humanos estão sendo
recebidos em escolas e centros, mas seus animais não são
aceitos lá. As pessoas estão sendo obrigadas a abandonarem
os animais para trás, que se juntam a centenas de outros, cujos
donos faleceram na catástrofe.
A situação é caótica.
Enquanto os humanos recebem lugar na imprensa, atenção e
solidariedade do Brasil e do mundo, os animais estão à margem
dos acontecimentos, famintos, sozinhos, feridos, atordoados.
Por eles é que nos unimos.
É para eles que pedimos.
Você pode doar:
- ração seca e molhada para cães e gatos
- ração Hill's A/D, para os animais mais fracos
- carne de latinha para cães e gatos
- alimento não perecível para cavalos
- coleira
- guia
- jornal
- cobertor
- casinha
- potinho para ração e água
- luva cirurgica
- doxiclina - pode ser doxifin de farmácia humana
- remédio para bicheira e pulga
- anestésicos
- anti-inflamatórios
- antitérmicos
- gaze
- pinça
- algodão
- água oxigenada
- esparadrapo
- todo o tipo de material necessário para atendimento de primeiros socorros
- pano de chão
- vassoura
- rodo
Recolham donativos em condomínios, com seus
vizinhos, em igrejas, no serviço, e organize a
entrega em um destes postos:
POSTOS DE COLETA
só produtos para animais
São Paulo – Capital e Interior
BELA VISTA Pet Cici e Cia. – R.Pamplona, 52
COTIA Projeto Natal Animal (www.natalanimal.com.br)
(11) 4702-4240 / 7086-5751 – Claudia
e-mail: [email protected] IPIRANGA Equipe dos Veterinários na Estrada
Rua Marcos Portugal, 224
(próximo ao metrô Sacomã e ao terminal Sacomã de
Ônibus) Fones 11- 5062.8522 / 11- 2592.2645
Cel 11- 8778.1792 ou 8298.9261 – Dra.Amélia
MOOCA Equipe Zoo Company - Rua Marcial, 62
2291-6064/7138-7090 - www.zoocompanypet.com.br
S.CAETANO APASCS-Associação Protetora dos Animais de
S.Caetano do Sul – Rua Rio Grande do Sul, 653
B.Sto.Antônio (próximo à Câmara Municipal)
11 4229-4425 - Mercedes
TAXI DOG Eduardo www.passeritransportedeanimais.com.br
Rio de Janeiro - capital e interior
BARRA DA TIJUCA Loja Áquário Pet Barra
Av. Ayrton Senna, 3383 - loja 149
BONSUCESSO Avenida Brasil, esquina com a Rua Teixeira
Ribeiro (passarela 9) – posto SEPDA-RJ
BOTAFOGO Patas & Penas
Rua Voluntários da Pátria, 374
CENTRO Campo de Santana - Praça da República,
Campo de Santana, s/nº - posto SEPDA-RJ
COELHO NETO Praça Virgínia Cidade (próximo à estação
Coelho Neto do Metrô) - posto SEPDA-RJ
COPACABANA Lojas Bicho Bacana
Rua santa Clara, 110 / Rua Paula Freitas, 61
FLAMENGO Distribuidora Costa Leivas - Rua Correa Dutra, 99 loja 5
GAVEA Pet Gávea - Rua Marquês de São Vicente, 07
GUARATIBA Fazenda Modelo -Estrada do Mato Alto, 5620
(ao lado do Posto de Saúde Maia Bittencourt)
posto SEPDA-RJ
JACAREPAGUÁ Praça Seca (em frente ao banco HSBC)
Posto SEPDA-RJ
LARGO DO MACHADO Praça Central (em frente à cabine da
Polícia Militar, próximo à Estação Metrô)
posto SEPDA-RJ
LEBLON Animal Care
Av. Bartolomeu Mitre, 455 - lojas 106 e 107
NITERÓI Veterinária Kennel Vip – Rua Gavião Peixoto 31, Icaraí
NORTE SHOPPING Patas & Penas
Rua Dom Hélder Câmara, 1 piso
REALENGO Praça Padre Miguel (Paralela à Av.Sta Cruz,
em frente à igreja Nossa Senhora da
Conceição) - posto SEPDA-RJ
SANTA CRUZ Centro de Controle de Zoonoses
Largo do Bodegão, 150
3395-2190 / 3395-1595 - posto SEPDA-RJ
TIJUCA Pet Shop Sheik – Rua Barão Mesquita nº 891, A
URCA Patas & Penas
Rua Marechal Cantuária, 70 - loja B
VICENTE DE CARVALHO Largo de Vicente de Carvalho
Av. Pst. Martin Luther King Júnior
(próximo ao metrô) - posto SEPDA-RJ
Região Serrana RJ
PETROPOLIS Veterinária Saúde Animal (em frente a UPA de Cascatinha) Rua Bernardo Proença, 601 - Itamarati
Contatos tel: 24 2249-1822 / 9227-2527
ITAIPAVA GAPA- Grupo de Assistência e Proteção aos Animais Itaipava
Telefone: (24) 2222-8419
ITAIPAVA Clínica Bicharada - Estrada União Indústria, 10661
ITAIPAVA O Fabuloso mundo dos Pets
Estrada União Industria, 10510
ITAIPAVA Armazém do Gemmal - Estrada União e Indústria, 10.733
(24) 2222.0298
FRIBURGO ONG Combina Companhia dos Bichos e da Natureza
Rua José Eugênio Muller, 36, Centro
NOVA FRIBURGO Instituto Univida de Proteção Animal
Adilson Pacheco (Presidente do Univida)
(22) 2533-4035 e 8801-2153
NOVA FRIBURGO Coordenadoria do Bem Estar Animal de Nova Friburgo
Carla Freire (22) 2522-1356 e 9931-3313
Eliane Leão - (21) 9533-2956
ANIMAIS RESGATADOS NA REGIÃO SERRANATERESÓPOLISos animais resgatados estão sendo levados para aRua Caramuru, nº 200 - bairro Meudon, Teresópolis. Quem sobe a serra vai para o bairro Soberbo. Ao invés de seguir em frente ( que seria o
centro de Teresópolis), dobra à direita, pega a estrada Rio - Bahia. onde tem uns viadutos
à frente . Veja indicação do bairro Meudon, depois, há uma agulha com duas entradas,
pega à direita, onde logo em seguida, vê-se o Shopping Meudon. Ao lado desse Shopping,
é a Rua Caramuru.
"Não creia que os animais sofrem menos do que os seres humanos. A dor é a mesma para eles e para nós. Para eles talvez seja ainda pior, pois eles não podem ajudar a si mesmos." Dr. Louis J. Camuti
Este post é um pedido feito através de e-mail que minha amiga
Fafá de Petrópolis, e grande defensora dos animais, me enviou.
Peço a solidariedade também para com os animais que, juntamente conosco,
habitam e dividem a mesma Mãe Gaia.
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