Discurso de posse para o segundo mandato do presidente do Confea, engenheiro civil Marcos Túlio de Melo
Data: 11 de fevereiro de 2009.
Local: Auditório Petrônio Portela, Senado Federal, Brasília – DF
Uma boa noite a todas. Uma boa noite a todos. (...) Lideranças da Engenharia Brasileira aqui presentes, amigos...
Formei-me engenheiro em 1977, pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. Os anos de universidade foram particularmente ricos na minha vida e na minha formação. Naqueles anos difíceis, a participação no movimento estudantil, no Diretório Acadêmico, no Diretório Central dos Estudantes, na rearticulação da UNE (na ilegalidade, na época) e no envolvimento com as questões sociais me ajudaram a descobrir o nosso Brasil. Um Brasil rico e pobre ao mesmo tempo.
Ainda estudante, fui professor e diretor dos cursos de formação Profissional da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, o nosso muito querido CIPMOI. Trabalho semelhante realizei junto a sindicatos, associações de moradores, movimentos eclesiais de base, em Belo Horizonte e Contagem. Essas atividades foram uma formação paralela à engenharia que a vida me proporcionou.
Foi nesta época que descobri a importância social que as nossas profissões podem ter. O poder que os profissionais da Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia têm para mudar o mundo de forma positiva.
Desde então desenvolvi um sonho que se tornou meu objetivo de vida: fazer da minha profissão um vetor do desenvolvimento humano e do meu país. Fui Conselheiro Federal. Fui presidente do Crea de Minas Gerais, com muita honra. E, há três anos, recebi a honra máxima de ser eleito, diretamente pelos meus pares, Presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Em todas essas atividades jamais arredei pé das crenças, dos princípios e dos valores adquiridos desde a infância, com meus pais e meus mestres, na minha formação pessoal e profissional: honestidade, transparência e construção pelo coletivo.
Hoje, quando assumo solenemente um segundo mandato à frente deste Conselho Federal, olho para o Brasil de 2033, quando o Confea chegará aos 100 anos. Que Brasil teremos? Que Brasil poderíamos ter alcançado? Quanto a Engenharia, a Arquitetura, a Agronomia, a Geologia, a Geografia e a Meteorologia terão contribuído para esse resultado? Que responsabilidades teremos nós, profissionais deste grande sistema, pelo progresso e desenvolvimento deste país? Que culpas teremos de assumir se nosso país não se realizar como grande nação, desenvolvida e progressista? O que estamos fazendo hoje, para garantir que o destino de sucesso do Brasil se concretize?
O Confea completou, em 2008, senadores, 75 anos de história. É preciso olhar para este passado de lutas e realizações, de muitas lideranças que nos antecederam, para entendermos o nosso presente. Mas é preciso também entendermos o que o nosso presente tem a ver com o nosso futuro.
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A visão do Brasil que temos para 2033 é a de um país onde as profissões da área tecnológica sejam motores do desenvolvimento e seus agentes capazes de produzir riquezas de forma sustentável e com responsabilidade social e ambiental. Para isso, neste nosso presente, precisamos nos conscientizar do nosso papel e executarmos, todos nós, as ações que ajudarão a construir o futuro desejado.
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Permitam-me agora abordar algumas questões que me são muito caras: a ética, a responsabilidade social e ambiental que deve permear todas as nossas ações profissionais. Nosso slogan, desde 2006 tem sido “Um Novo Confea - a Serviço do Brasil”.
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O foco está no desenvolvimento sustentável e sustentado, na responsabilidade social e na inclusão de todos os segmentos profissionais do sistema sejam eles os técnicos e os tecnólogos, junto com a sociedade.
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Concluo pedindo emprestado palavras do eterno escritor brasileiro Érico Veríssimo, do livro “Olhai os Lírios do Campo”:
“... Não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza.
Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções.
E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo devia viver narcotizado pela esperança da felicidade na “outra vida”.
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Conto com todos vocês. Muito Obrigado
Engenheiro Civil Marcos Túlio de Mello
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Fonte: CONFEA