Da glória ao castigo.
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Da glória ao castigo.


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Perder o sono às vezes não é tão mal assim, principalmente se vemos e ouvimos coisas que fazem vibrar a mais profunda compaixão dentro de nós. Pois foi exatamente isto que eu senti, chegando a me emocionar quando voltei pra cama e fiquei pensando naquela pessoa, na sua história e no que ele levou para toda sua vida, depois do fatídico episódio que aconteceu na primeira Copa do Mundo feita no Brasil, mais precisamente no dia 16 de julho de 1950.



A Seleção Brasileira disputou no Maracanã cinco partidas de seis durante toda a Copa. Na partida final, foi registrado oficialmente o público recorde de 199.854 torcedores presentes.  Nesta decisão, o Brasil foi derrotado de virada por 2 a 1 para o Uruguai.  A derrota em solo nacional ficou marcada na história do povo brasileiro, sendo conhecida popularmente como o "Maracanazzo".(via Wikipédia)

A pressão sobre os jogadores já era grande, e prova disso foi o discurso do prefeito do Rio de Janeiro, General Mendes de Moraes, que declarou antes do inicio do jogo: “Cumpri minha promessa construindo esse estádio. Agora, façam o seu dever ganhando o campeonato”.  É mole!!!

E quem foi o goleiro desta nefasta partida que ficou para sempre na memória viva daquele estádio?

Seu nome era Moacir Barbosa, o goleiro que diante da maior platéia reunida para testemunhar a decisão da Copa de 50, selou para sempre a sua sorte e nunca mais teve paz interior, sempre o perseguiu a sombra dolorida dos dois gols sofridos.

O goleiro Barbosa ficou conhecido como " O homem que fez o Brasil chorar" e tanto naquela época quanto hoje, o brasileiro, movido pela paixão do futebol, fez suscitar uma jornada quase filosófica por temas como nacionalismo, racismo e culpa individual. Sendo que atualmente, os jogadores podem se dar ao luxo de terem ajuda psicológica como foi com esta nossa seleção que tomou de 7 a 1 da Alemanha, deixando o time e sua comissão técnica bastante desestabilizados. 
Porém, naqueles idos dos 50, sem televisão e com aquelas milhares de pessoas presentes ao estádio, únicos que puderam presenciar aquele momento chocante e triste para uma nação, em que não apenas os jogadores ficaram afetados psicologicamente quanto muitas pessoas daquelas que depositaram toda a esperança e a tentativa de afirmação do Brasil através do futebol para o resto do mundo.

O documentário que assisti nesta noite pela ESPN, dizia deste homem e seu sofrimento e do abandono que sofreu após este dia fatídico, tanto pelos seus amigos de profissão quanto pelo povo brasileiro.

É inevitável a comparação com os dias atuais, em que os jogadores, mesmo sofrendo uma derrota como esta em campo, continuam suas vidas de luxo, com seus altos salários, mansões e iates, sem contar o que recebem por fora em prêmios e contratos com marcas internacionais em propagandas.

Naquele tempo, não tinha esta exposição de mídia, este merchandising todo, e muitos daqueles jogadores morreram pobres como o próprio Mané Garrincha, grande craque. Eles recebiam uma ajuda mínima de custo para jogarem e o próprio Barbosa, voltou para casa depois desta partida, de trem, coisa inimaginável para um jogador de seleção brasileira de hoje.
Fatos interessantes foram contados neste documentário e que parecem até lendas, um deles foi que Barbosa usou a madeira da trave do gol do uruguaio Ghiggia sobre ele, para fazer um churrasco para seus amigos do bairro de Ramos em que morou por longos anos. Uma tentativa de queimar a lembrança terrível que o perseguiu sempre.
Em outro, aconteceu três dias depois do final da Copa e Barbosa ia de trem para o interior para um retiro de descanso, quando ouviu um torcedor mais à frente, conversando com outro, dizendo em alto e bom tom que gostaria de surrar o goleiro da seleção.
Então, Barbosa tirou o rosto de trás de um jornal e se apresentou, dizendo: "Por um acaso o senhor está me procurando?" - o valentão simplesmente pulou pela janela do trem em movimento.

Talvez o que mais magoou seu coração foi a história que o jornalista Mário Magalhães contou sobre o que presenciou em 1993, na Granja Comary, quando Barbosa tentou cumprimentar e falar com o goleiro Taffarel e o técnico Parreira não o deixou se aproximar, e o velho goleiro, intimidado e humilhado, não insistiu. Disse, Solange, sua filha adotiva, que este episódio foi o que mais arrancou lágrimas em Barbosa.

Coitado do Barbosa, que cruz pesada carregou por toda sua vida!  Numa entrevista ele afirmou: "A pena máxima no Brasil é de 30 anos, mas eu já paguei mais do que isso!"

Moacir Barbosa, o arqueiro negro de 50, faleceu no dia 7 de abril de 2000, aos 79 anos, em Praia Grande, litoral de São Paulo.

Fiz este post para homenageá-lo e relembrar este fato com tanto significado simbólico e histórico, para comparar os ídolos que vão da glória ao castigo de uma hora pra outra. Repensarmos na dor, sofrimento e alegrias que cada um de nós leva em seu íntimo.

E descobri o livro que fala sobre a vida deste homem que carregou uma culpa até o fim da vida, pois que culpa não havia, já que em futebol se perde ou se ganha, e ponto final.

"Certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera."
(Armando Nogueira)











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