Bem vindo à Globalização!
Natureza

Bem vindo à Globalização!




"Quem me fez assim foi minha gente e minha terra
e eu gosto bem de ter nascido com essa tara.
Para mim, de todas as burrices a maior é suspirar pela Europa.
A Europa é uma cidade muito velha onde só fazem caso de dinheiro
e tem umas atrizes de pernas adjetivas que passam a perna na gente.
O francês, o italiano, o judeu falam uma língua de farrapos.
Aqui ao menos a gente sabe que tudo é uma canalha só,
lê o seu jornal, mete a língua no governo,
queixa-se da vida (a vida está tão cara)
e no fim dá certo."

(Carlos Drummond de Andrade-Explicação)
 

Hoje quando reli este trecho da antologia de Drummond, fiquei pensando se combinava com os dias atuais, se de fato eu concordo com estas palavras, apesar de ver crescer a ignorância em todos os quadrantes deste planeta, mortes pelas guerras que absurdamente ainda são feitas, mortes para se chegar a um continente ou país que não tenha guerra explícita e sim a guerra pelo 'delito de solidariedade' que alguns ainda praticam para afastar ou não permitir a entrada de imigrantes, a xenofobia crescente, o desamor pelo próximo. O filme Bem Vindo que a Glorinha indicou e que vi ontem, juntamente com os comentários inteligentes que fizeram em seu post fez-me refletir demais sobre a questão da imigração no mundo atual.  Isto é um fato e, talvez, um assunto sem fim, mas que gostaria de ver a participação dos amigos.

(Fotos minhas feitas em Washington-DC no Festival de Cherry Blossom)

No ano passado estive em dois continentes (América e Europa) e percebi o imenso fluxo de imigrantes que aquelas duas partes do mundo vem recebendo. Confesso que assusta a quem vê e pensa sobre tanta gente entrando num país diferente, à procura de emprego, muitos sem qualificação ou quando um tem, mas traz o resto da família que enche aquele novo país e que às vezes não se adaptam aos novos costumes ou são levados a viverem em guetos onde só falam a própria língua.  Vi isto de perto, quando estive em Brick Lane, área afastada do centro de Londres, comércio de peças vintages e moradia de muçulmanos, povos de origem curda, turcos, indianos. Andar pelas ruas deste bairro na zona leste da cidade enche os olhos de curiosidade a cada vitrine que se pára, dentro das lojas está um pedacinho do mundo que estes povos trouxeram para  aquele novo país. Vi dezenas de comerciantes já estabelecidos, que vendem para pessoas de sua mesma origem quanto para ingleses ou estrangeiros que tenham interesses  nessas trocas culturais e vi também os hábitos dos mesmos, nas comidas, nos restaurantes, padarias, um mundo dentro de outro mundo.

Assistir a este movimento imigratório em vários outros países é surpreendente e leva-nos à reflexão sobre o tema, afinal para nós que estamos vivenciando o contrário nestas últimas décadas, ou seja, a saída de brasileiros para outros países é maior do que o recebimento de novos povos, muito diferente do que aconteceu no final do século XIX e início do século XX, quando com a expansão das plantações de café, faltava mão de obra nas zonas rurais.  Precisávamos dessas pessoas como hoje a Europa, mas existia também o preconceito muito forte contra o recebimento, por exemplo, de japoneses ou chineses. Considerados raças inferiores e que prejudicariam o 'branqueamento' que ocorria no Brasil com o recebimento de imigrantes europeus e havia também o medo do tal "perigo amarelo", isto é, que as grandes populações orientais se espalhassem étnica e culturamente pelas Américas. (fonte Wikipédia) 

A questão da imigração que ocorre em massa em diversos países, hoje, é assunto polêmico, pois só quem está dentro de um país que recebe tantos à procura de bom emprego e enriquecimento de currículum é que sabe, que vê também a difícil concorrência de seus compatriotas, tirando-lhes novas possibilidades na vida profissional ou até mesmo se incomodam com o entrosamento de uma cultura tão diferente da sua, mas acho importante ressaltar que muitas vezes a estética dessas culturas, como a indiana por exemplo, está ligada à perspectiva histórica deste povo, por isso o que parece ser estranho ou sujo para muitos ocidentais, não o é para eles, são assim porque se desenvolveram num mundo assim e é claro, nem todos os indianos são assim e nem todos os brasileiros são bagunceiros ou mal educados.

Eu, particularmente, acho que o intercâmbio cultural pode ser rico e maravilhoso se cada um souber fazer a sua parte, principalmente no respeito e aceitação do ser humano, seja ele de qual nacionalidade for. E aos que chegam é prioritário que esforcem-se para engajar-se com a cultura local, procurando aprender a língua, respeitando e aceitando as leis do país que os recebe.


















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