A cidade e suas luzes...
Natureza

A cidade e suas luzes...


Em meio ao emaranhado que é a arquitetura brasileira, pontuada com resquícios e forte ênfase, ainda da colônia que foi de Portugal, e com a mão futurista do grande Oscar Niemeyer é assim esta cidade em que moro perto do mar.

Da orla avista-se ao longe a cidade do Rio de Janeiro e suas montanhas e praias, o centro executivo e financeiro e, com certeza, é uma das mais lindas vistas que se tem da cidade maravilhosa. Vê-se também rochas antigas que emergem desse mar de baía e que remontam a um longínquo período. Os Fortes que um dia serviram para guardar esta que foi a mais rica colônia portuguesa, também se vê ao longe, brilhantes, imponentes e brancos à luz do sol.


O mar, este privilégio que tenho tão perto, está logo ali, mas não tomo coragem de ir até lá, andar descalça na areia ou sentar-me perto dele. Prefiro as praias oceânicas que ficam a somente 15 minutos de minha casa e são realmente limpas.
Fico consternada em ver o descaso com que utilizam a orla e servem-se dos aparelhos para ginástica ou do próprio mobiliário urbano sem consideração. As pessoas usam e não cuidam. É difícil ver
o lixo pelo chão, apesar de ter alguém sempre a apanhá-lo. A cidade e suas praias, praças e monumentos, poderiam ser lindos se existissem pessoas que tivessem carinho e zelo pelo que é deles e também dos outros e saberem usar e partilhar.

No miolo deste bairro tem um grande parque que ainda é respeitado, apesar de tudo que já se perdeu à sua volta em favor das construções urbanas, urgentes e crescentes desde que cheguei por aqui há um ano. O parque e a grande igreja católica são duas peças importantes e que chamam atenção aos que por ali passam. Neste espaço, muitos artesãos nos finais de semana expõem seus lindos trabalhos e várias manifestações artísticas também são ali apresentadas.
É um verdadeiro pulmão verde que umidifica e deixa o ar de quem passa leve e cheiroso. O grande chafariz refresca ainda mais o ambiente e o Coreto remete a um tempo das gentilezas.


Uma especulação imobiliária absurda, desrespeitando as boas práticas de bom gosto de arquitetura e engenharia, certamente amparadas pelo Poder Público, fez com que muitas pequenas vilas de casas antigas e pitorescas fossem derrubadas e em seus lugares nascem a cada dia prédios gigantescos com centenas de apartamentos. E os preços são de arrepiar os cabelos. Parece até que estamos no Principado de Mônaco, senão o que me dizem de um apartamento de mais ou menos 120 m2, desprovidos de armários ou outras benfeitorias, somente "no osso" como dizemos aqui, custar em torno de US$ 380.000,00.
Não esquecendo de lembrar que o IPTU (Imposto pago à Prefeitura) é um dos mais caros do Brasil.

Portanto, toda esta beleza natural e suas antigas construções, que possuem forte luz própria, conseguem ainda reagir à toda esta agressão. Até quando, não sei!

Sigo, admirando, fazendo a minha parte e como muitos cariocas, de vez em quando me enganando para não me entristecer. Enfim, amanhã o sol estará de novo brilhando e iluminando tudo, gratuitamente, para nosso benefício. Ainda bem!



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