Vou voltar, sei que ainda vou voltar...
Natureza

Vou voltar, sei que ainda vou voltar...




(Primeiramente um conselho: antes de começar a ler, clique no link da música acima e ouça, baixinho, o remix de O Mar com Madredeus, o melhor da música portuguesa contemporânea e acompanhe o texto)


Desde que comecei a enfrentar meu medo de avião, peço sempre a janelinha para poder observar tudo ficando pequenino e as montanhas, planícies, ondulações, algumas verdinhas, parecendo verdadeiros tapetes sob o sol, e o amanhecer que é muito lindo visto por aquela pequena fresta. Só fecho a janelinha quando entramos em nuvens, acho muito estranho olhar prá fora e não ver nada, dá uma agoniiiia!

Saindo de Londres em dia azul tive a oportunidade de visualizar os lindos campos verdes e úmidos, prédios de tijolinhos vermelhos e as casinhas, a maioria brancas com telhados avermelhados, tudo parecia um presépio delicado. Pena que não pode-se fotografar quando o avião levanta voo e então fiquei a olhar para guardar na lembrança e na retina toda a beleza daquele verde diferente do nosso tropical.

Aproximadamente duas horas e meia depois o avião sobrevoava Lisboa e eu da janelinha olhava, e quanto mais o avião baixava, dizia para mim mesma que não estava gostando do que via. Parecia que estávamos chegando a uma cidade seca, com poucas árvores e muita pedra, prédios e casas da mesma cor e tudo com tonalidades areia, totalmente diferente daquilo que tinha deixado para trás no último sobrevoo por Londres.
Cutuquei o maridex e disse-l he que estava achando a cidade muito esquisita e que não era aquilo que tinha visto nas fotos que ele me trouxera ano passado quando lá esteve. Só que esqueci que eu estava chegando após o verão que foi bastante forte e o outono derruba muitas folhas. Convenhamos que eu estava com a cabeça ainda na Londres que lhes mostrei e o Tico e Teco não estavam conectando-se às novas visões.
Mas, tudo bem, chegamos ao aeroporto de Lisboa que é bem grandão e muito bem localizado, ficando relativamente perto do bairro onde tinha nosso hotel e ao sentir o calorzinho da cidade naquela hora fiquei mais esperta e pensei que aquilo era bom, já que a semana toda não tinha largado meus casacos e cachecói s.

Avenida Roma - Hotel Roma - hummmmmmm, não estou gostando disso, que hotel velho e feio! Quantos prédios velhos e descascados, porquê será que não pintam? Mas essa avenida é tão bonita, ampla, variedade de lojas de um lado e outro e estes prédios, porquê não são pintados? E como se explica este edifício de apartamentos ao lado do nosso hotel com roupas penduradas em cordas do lado de fora das janelas?! Parecia uma adolescente quando diz "eu odeio tudo"!



Bem, isso o marido não soube me explicar e eu também continuo a não entender, parece coisa comum em todo Portugal, mas depois que vi tanta modernidade em prédios novos contrastando com os antigos, só pude aceitar o fato de que é assim que tem que ser aquela cidade, pois quando as luzes das ruas se acendem e a noite chega a coisa se transforma, como uma noiva linda e formosa, aparece uma cidade charmosa e elegante em tons pastéis e alguns dourados.

Mas, voltando ao hotel, posso lhes afirmar que é só feio por fora. Por dentro tem um saguão imenso e bem decorado, quartos confortáveis e amplos, banheiro igualmente amplo e equipado e ainda, de quebra, uma varanda com mesinha e cadeirinhas para você observar o pôr do sol e ter uma boa vista daquele bairro que pareceu-me qualquer coisa de semelhante com algum bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Fiqu ei olhando daquele andar alto (décimo primeiro) e não fiquei muito empolgada, mas meu marido foi logo me animando a deixarmos as malas no quarto e irmos pra rua, já estávamos com fome e ele me sugeriu pegarmos o metrô ali bem pertinho e irmos pro centro, onde ele queria mostrar-me algumas coisas que já conhecia. E lá fomos nós. Escolhemos começar por um lugar chamado Praça dos Restauradores, ampla com vários cafés e bares, turistas variados e monumentos imponentes ao redor e ao centro com um enorme Obelisco que marca a independência de Portugal em 1640 da Espanha.


(Hall do Hotel Roma em Lisboa)





Por ali mesmo almoçamos e comi um bacalhau à natas de lamber os dedos e mandei ver num vinho do porto para celebrar nossa chegada às terras lusas. Meu marido preferiu a famosa cerveja Sagres, mesmo porque o clima era completamente adverso ao que tínhamos deixado pra trás, ou seja, generosos 24 graus naquele entardecer trouxe-nos mais ainda o aconchego do nosso Brasil e aí é que comecei a enxergar diferente. Olhando as luzes da noite que chegava e as pessoas com aquele j eito bem mais perto do nosso povo, mais reais, menos "Harry Potter", mais simples e despojadas, algumas até muito cariocas de sandalinhas rasteiras e blusas deixando ver a barriguinha, outras, turistas europeus na procura por lugares mais aquecidos, andavam mais à vontade, menos produzidos que em Londres, mas numa total tranquilidade que é o sonho de todos nós deste Brasil. Enfim, uma cidade amável, amena e que flui num ritmo bem menos acelerado e mais relaxante. Esta é Lisboa que me lembrou imediatamente o refrão:

"Lisboa, velha cidade,
Cheia de encanto e beleza!
Sempre formosa, a sorrir,
E no vestir sempre airosa.

O branco véu da saudade
Cobre o teu rosto, linda princesa!"




Bairro Restauradores e seu Obelisco)


Pronto, fiquei contente prá caramba! Era um bem-estar diferente, talvez pelo clima gostoso já beirando os 20 graus no anoitecer, como o fato de não sentir-me turista e sim alguém que chegou em sua própria casa.

Afinal, quem descobriu quem?! Lá, parece que estamos cá! Tudo tem uma semelhança, muitos brasileiros trabalham no comércio também e quando você pergunta a alguém por algo, a resposta vem com um sotaque sulista ou capixaba, carioca ou mineiro, mas já guardam a seriedade com que os portugueses encaram a vida. Ouve-se sempre minha senhora pra lá e prá cá e falam baixinho, são educados os lisboetas e o sotaque um verdadeiro regalo.

Na volta ao hotel, de metrô também, pois funciona com tranquilidade e é bem menos complicado do que o de Londres, andamos até o hotel parando e olhando as lojas e galerias daquela avenida sem sentirmos nenhum medo, nenhuma sensação de perigo, tudo que a gente sonha fazer por aqui. Andar simplesmente e olhar calmamente vitrines numa noite gostosa é um luxo, minha gente! E isso pode-se fazer por Lisboa sem medo, assim disseram-me as pessoas com quem falei e usufruem deste privilégio.
Uma delícia, minha primeira noite nesta cidade!




Os dias que se seguiram foram de total surpresa para mim, pois não imaginava tantas novas construções e modernidade em shoppings, museus, diversões e ainda, as facilidades para se chegar a todos estes locais. Utilizamos o mesmo meio de transporte que em Londres, ou seja, ônibus, city tour e metrô. Fizemos também uma viagem com um carro alugado até Coimbra e pudemos constatar rodovias modernas como tapetes, serviços de postos de gasolina self service e também utilizamos os comboios (assim os portugueses chamam os trens) que integram-se com o metrô (que eles chamam de metro sem ^). Assim, você pode ir de Lisboa em poucos minutos até Cascais e banhar-se no mar, fazer um top-less como eu vi desde jovens à senhoras, relaxar ao sol e voltar tranquilamente no 'comboio' para Lisboa, ouvindo música clássica, jazz ou blues. Muito prático, confortável e super tranquilo!


(Senhora fazendo seu topless em Cascais)


(Propaganda de incentivo à limpeza das ruas)


(Cascais)

Neste City Tour que fizemos vi lugares lindos e inesquecíveis, como o Mosteiro dos Jerônimos, Torre de Belém e, falando em Belém, o que é aquele pastel de Belém e aquela pastelaria???
Genteeee, que lugar incrível! A casa é antiquíssima, existe desde 1837 e vende uma média de 14 mil pastéis por dia. Os azulejos azuis cobrem cerca de um metro de cada parede e nos salões abertos para dentro da casa, vê-se turistas de todas as partes e foi lá, num desses salões do meio que encontrei e falei com Ana Maria Braga que estava com um grupo de amigos ou sua equipe, não sei. Tirei uma foto dela ao longe, me aproximei e agradeci e disse-lhe que só assim poderia falar com ela e chegar perto e ainda disse-lhe que estava boba como ela gostava de ir à Portugal sempre! Ao que me respondeu que tinha que ir todos os anos para ver sua "santinha" que pressumi ser Na.Sa.de Fátima e o Santuário que fui também e fiquei de boca aberta com a grandeza do local e das pessoas de coração e fé que vão ali para pedir ou agradecer, algumas até de joelhos até chegar ao grande Santuário erguido em homenagem à virgem.
O comércio da pequena cidadela é todo voltado para este fim e é impossível sair dali sem comprar uma coisinha sequer como lembrança para os amigos ou família.



(Os famosos Pastéis de Belém e o interior da grande loja)













(Fiéis de joelhos atravessando a grande praça)


Quem esteve em Lisboa há algum tempo certamente achará muita coisa diferente hoje em dia, pois as novas construções chamam atenção pela grandiosidade e beleza. Os shoppings, El Corte Inglés com variedades de marcas internacionais e o incrível e enorme Vasco da Gama é um show de modernismo, seus corredores lembram um imenso transatlântico e pontes cruzam de um andar pro outro, mas sempre tem alguma marca brasileira e que faz a cabeça da gente se confundir e pensar em alguns momentos que se está no Brasil e não na Europa. Vi por lá muitas marcas da gente, como: O Boticário, Osklen e Richards. É uma cidade onde o antigo continua também, junto, atestando que os tempos fizeram no hoje esta revolução e o correto aproveitamento do dinheiro público.

Um lugar moderníssimo e aonde não se pode deixar de ir se estiver em Lisboa é o Oceanário.
Fantástica obra situada no Parque das Nações, próximo a duas torres de edifícios de arquitetura futurista. Este Oceanário também é uma arquitetura que lembra um porta-aviões e está instalado num cais rodeado de água. Nele, podemos observar uma grande variedade da vida marinha, peixes enormes, como; tubarões, arraias gigantes, o incrível peixe-anjo e ainda um grupo de pinguins árticos, lontras e plantas marinhas. Este é o segundo maior Oceanário do mundo e você vai ficar sem fôlego diante de uma barracuda te encarando ou um enxame de peixinhos coloridos.




Aliás, vale a pena uma volta à Portugal! Duas, três, quantas forem necessárias para rever o belo Tejo e o seu abraço com o mar. Ou quem sabe sonhar em morar lá um dia, como voltei sonhando. Quem sabe, um dia!


(O Tejo ao longe o mar - minha fotografia)





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