Singrando os mares (parte 1)
Natureza

Singrando os mares (parte 1)


(Cabine e vista da varanda)


"Navegar é preciso, viver não é preciso."

E não é que Fernando Pessoa
tem razão quando assim diz, pois depois de nove noites num desses modernos e monstruosos Transatlânticos, podemos constatar que navegar é mesmo muito preciso haja vista a alta teconologia aplicada nessas incríveis naves.

Digo-lhes que é sensacional o passeio, não só pelos procedimentos seguros aplicados pela tripulação, onde nada parece sair do esquema montado, tanto para a entrada e saída de centenas de passageiros nos diversos portos em que o navio ancora, assim como os divertimentos, shows e os vários eventos que acontecem nestes dias e noites que mais parecem um sonho.


(Chegada e triagem no Cais do Porto do RJ, totalmente revitalizado para os Cruzeiros que viraram verdadeira febre nos últimos verões)

Mesmo numa noite de mar agitado como a que ocorreu na 5a. feira passada, quando a conjunção de correntes no Sul do país fez o navio balançar mais um pouquinho do que o normal, mas nada que efetivamente tirasse a alegria das pessoas nos eventos, nem na noite de sono. Também o que é uma ondinha de 3 ou 4 metros diante de um desses gigantes com mais de 10 andares!!!
Nestes caso
s, um comprimido de Dramin, dado gratuitamente a quem necessitasse, resolveu o probleminha e eu fui usuária do mesmo em pelo menos dois dias. Confesso que sou meio molenga e enjoada. Fiquei imaginando numa dessas noites em que estive mareada o quanto os portugueses são apaixonados pelo mar e se lançaram nele desde sempre com valentia.


Os passageiros ao entrarem neste navio especificamente (Costa Mediterrâneo), a primeira impressão que têm, além da enormidade da área do hall central interno, é de um certo ar de incompr
eensão diante das referências arquitetônicas e decorativas, pois chega a beirar o exagero os enfeites de muranos, mármores italianos, texturas, imagens, vitrôs, luzes, espelhos e a própria tripulação (900 no total), toda uniformizada de branco ou azul marinho para orientação dos passageiros.

Lembram daquele filme "O Quin
to Elemento" em que Bruce Willis está num teatro extra-terrestre com uma decoração escalafobética, assistindo ao canto dissonante de um ser feminino com tentáculos tipo uma Medusa!? Pois foi assim a nossa primeira impressão ao adentrarmos este imenso ambiente com elevadores panorâmicos, subindo e descendo os 10 andares dessa nave.
Surreal e instigante em todos os sentidos e por fim, bonito no todo.



Mais tarde, sem conseguir entender esta confusão de ambientes e decorações, descobrimos através de um vídeo que passa nos canais internos de tv na nossa cabine, que são ambientes inspirados em diversos cenários italianos de época e uma celebração à arte romana em geral.
É claro que os exageros acontecem pelo fato de enfatizarem as principais características dos temas, mas com o decorrer dos dias você acaba se incorporando neste contexto.

Na realidade, perigos secundários existem, pois você pode sair dessas 9 noites um pouco mais pesado do que quando entrou no navio. É tanta profusão e variedade de comidas que existem à disposição, em diversas 'ilhas' do navio, já pagas no pacote da viagem.
Você peca e se a
rrepende!
E o nosso Cruzeiro ain
da por cima era o tal "Prata Gourmet" com jantares assinados por Chefs de renome, aulas e degustação! Mas, eu nem havia percebido esse tema quando compramos o pacote para este período.
É um pecar e se arrepender por fim, mas voltando à rotina, na sacola do Hortifruti só caberão abobrinhas, beringelas e rúculas para amenizar o estrago! rsss

No grande restaurante com cozinha franco-italiana, diversos cardápios onde você pode navegar por entradas, pratos frios, quentes, fromages maravilhosos, sobremesas divinas, tudo isso servido por um batalhão de garçons e garçonetes de todos os cantos do mundo - hondurenhos, filipinos, italianos, tailandeses, romenos, brasileiros, enfim uma Babel na tentativa de comunicar-se com o cliente se querem diet, muito sal, pouco tempero, quente ou frio, etc.




Há um Cassino interno e com população fixa, pois as mesmas caras você verá sempre, sentados diante das máquinas ou ao redor das mesas de poquer ou bacarah. Parece que não levantam nem para as refeições ou circulam pelo navio. Verdadeiros 'alienígenas', viciados no tilintar das moedinhas em seu microcosmo.
Num desses dias, vimos um velhote perder em questão de segundos uma nota de 20 dólares engolida por uma daquelas maquininhas coloridas. O dinheiro é sugado vorazmente, como por um aspirador de pó, mas as pessoas não desistem e estão por ali diariamente, em geral idosos e fumantes inveterados.



Para a comunicação tornar-se mais fácil nesta pequena cidade à bordo, a primeira coisa é olhar direto na bandeirinha que cada um dos funcionários têm em sua lapela. A turma do Balcão de Informações possui, no mínimo, 5 bandeirinhas e quer dizer que são capazes de se comunicarem em 5 línguas diferentes e o mais bacana de tudo é
que são todos jovens como nossos filhos!

E se você pensa que um 'bichão' desses faz barulho quando está navegando ou quando ancora em algum porto, está totalmente enganado! Os motores atuam com tamanha suavidade, tanto para chegar quanto para sair de um porto. São auto suficientes, isto é, não dependem de nenhum rebocador externo para manobrar o navio. Ele próprio tem esta capacidade. Assim, quando você acorda e abre a cortina de sua varanda, descobre
que já está paradinho em outro lugar com uma paisagem diferente à sua frente.

Bem, se estão gostando e se animando para uma p
ossível viagem num navio assim, continuem lendo amanhã, senão o post vai ficar muito grande e chato. Até lá!




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