A crise afronta, mas não derrubará a Democracia.
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A crise afronta, mas não derrubará a Democracia.


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As palavras abaixo me tocaram profundamente quando as li hoje, debaixo do sol acariciante de outono, na calma de minha varanda. (O personagem se refere a passividade que o mundo ficou diante da destruição de Sarajevo e a guerra sangrenta na Bósnia):
". . . Todos vocês, do mundo seguro, com seus air bags, suas embalagens hermeticamente fechadas e suas dietas livres de gordura.  Vocês é que são os supersticiosos.  Vocês se convencem de que podem tapear a morte, e se sentem absolutamente ofendidos quando descobrem que não podem.  Vocês ficam sentados em seus apartamentos confortáveis durante toda a nossa guerra, e nos veem sangrando pela televisão pensando: "Que horror!"  Em seguida, levantam-se e tomam outra xícara de café expresso." (*)
Bem, para começar não temos 'mundo seguro' em lugar nenhum, ainda mais aqui neste nosso país varonil, abençoado pela natureza e abandonado pelo poder público, mas, com certeza, estamos ainda melhor do que muitos mundos por aí deste incrível planetinha, porém este comportamento passivo a que o personagem se refere é o que acontece no cotidiano, quando vemos as notícias pela televisão, jornais ou pela Internet.
Sentimos tristeza com certos fatos e ao mesmo tempo impotência diante dos mesmos.  Algumas pessoas têm ficado apáticas, completamente distanciadas de qualquer manifestação, fingem que o mundo é cor de rosa e que é somente dentro do perímetro de suas casas. Mas não podemos deixar de nos indignar, de falar, de tentar mobilizar as pessoas para atos que possam trazer consciência e impulsionar o mundo a lutar por dias melhores e não apenas aceitar pacificamente o que querem nos empurrar goela abaixo.

Nesta última semana os fatos ocorridos no mundo político é de deixar qualquer um desiludido, sem esperanças no futuro de nosso país.  Não é possível que homens desonrados, que carregam nas costas denúncias de invasão no terreno da ética e dos bons costumes morais, que já foram  julgados e deveriam estar atrás das grades, maquinem ideias para derrubar nosso Judiciário e tocar o terror na nação!  É uma crise que nos afronta, tentam nos intimidar pelo medo e pela força, mas não podemos deixar que a conquista tão suada, a Democracia, seja atingida desta forma. Por isto não devemos nos calar, se não temos condições de ir às ruas para protestos, manifestemo-nos através de palavras, pois ela ainda é uma força grandiosa e que podemos usar aqui e em muitos outros meios de comunicação, afinal ainda estamos debaixo  da democracia! 

Deixo como incentivo a bela poesia de Cleide Canton e o mestre Rui Barbosa:

Sinto vergonha de mim 

por ter sido educadora de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o “eu” feliz a qualquer custo,
buscando a tal “felicidade”
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos “floreios” para justificar
atos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre “contestar”,
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer…

Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro !

"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto". (Rui Barbosa)



(*) As Memórias do Livro de Geraldine Brooks - página 41.

Leia ao lado a crônica de hoje de Zuenir Ventura sobre este assunto:  Clique aqui.

E veja aqui como aqueles que se manifestam são tratados pela nossa polícia.

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